"Júpiter": Filme Brazuca na HBO Max
- Helena Vilaboim
- Jan 25, 2022
- 2 min read
Updated: Jan 26, 2022
“Júpiter” é um filme nacional dirigido e roteirizado por Marco Abujamra que chegou á plataforma de streaming HBO Max em 21 de Janeiro de 2022. É um longa de drama, que conta com 1 hora e 37 minutos de duração.

O filme conta a história de Júpiter (Rafael Vitti) que vai morar com seu pai (Orã Figueiredo), uma pessoa que ele nunca conheceu, depois que sua guardiã (Patricia Selonk) precisa viajar. Numa tentativa de aproximação, os dois viajam para uma competição de xadrez, que possibilita que os dois se conheçam melhor.

Com a premissa simples e que prometia um filme intimista, o que acontece na verdade em “Júpiter” é um narrativa típica de filmes de adolescentes, em que o maior obstáculo do protagonista é correr atrás de sua paixão. Com isso, a dinâmica de pai e filho fica em segundo plano com os dois compartilhando poucas cenas juntos, e diálogos mecânicos.
A ideia que o filme passa é que o roteiro começa com uma ideia e tema claros, mas que no meio da narrativa, os dois mudam e o resultado é um filme que fica incompleto nas duas linhas da história. Isso por si só não é coisa ruim, mas indica que “Júpiter” em especial não entrega o que a premissa tinha prometido.
Uma coisa interessante do filme é que embora haja a óbvia conexão narrativa entre pai e filho, como a maioria de suas cenas são separadas, a audiência pode escolher quem é o protagonista da história. É uma pena que a relação entre os dois não seja melhor explorada, teria sido uma história melhor a ser contada.
A direção de Abujamra ainda contribui com a ideia de um filme intimista, enchendo a tela de super closes de câmera trêmula, e passagens lentas, contemplativas entre objetos e personagens. Quando a direção e a narrativa não trabalham juntas, como é o caso desse filme, é bem capaz de causar dúvida na audiência.

Além da diferença entre a teoria e a prática do filme, uma coisa que chama atenção é a dinâmica entre os personagens adolescentes. Entre diálogos mecânicos cheios de insultos e deixas óbvias de ações em cena, é bem perceptível que o roteirista não consegue escrever personagens mais jovens, optando por mostrá-los por uma perspectiva mais cliché e caricaturada.
O elenco também deixa um pouco a desejar. Com performances acostumadas ás novelas nacionais, em que há sempre muitas interações entre personagens e o íntimo dos personagens é sempre externalizado por falas dos mesmos, os atores aqui não conseguem passar seus dilemas internos com cenas mudas.
No entanto, depois de algum tempo é possível relevar as atitudes mais dramáticas e talvez até simpatizar com os personagens em algumas cenas. Em especial com Rafael Vitti, que faz sua estreia como protagonista de um longa.
Em conclusão, “Júpiter” é um filme interessante, mas que não chega a ser um filmão por conta das falhas citadas a cima. É também uma peça que pode ser estudada em prol de saber o que está sendo produzido no Brasil, e em que os serviços de streaming acham interessante investir.
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