"A Freira II": Como matar o suspense de um bom filme de terror
- Helena Vilaboim
- Sep 21, 2023
- 3 min read
Há 10 anos se iniciava uma das franquias de terror mais lucrativas do cinema: "Invocação do Mal". Pela mente de James Wan, a franquia ironicamente arrebatou o coração da audiência por apresentar uma história e personagens sólidos, e ainda nos conquistou pelo cuidado e maestria com que Wan conduziu os dois primeiros filmes da franquia.
Infelizmente, numa franquia que gerou dois outros seguimentos que compartilham o mesmo universo criativo: "Annabelle", que já conta com 3 filmes próprios e "A Freira" nem tudo são rosas. Com diretores e equipes de roteiros distintas, cada projeto vai sair diferente. As vezes MUITO diferente.

"A Freira 2" (The Nun II) chegou ao cinema no Brasil em 7 de setembro de 2023, e embora o filme tenha se mostrado um sucesso moderado para a Warner, o filme não parece ter aprendido as lições que foram deixadas no primeiro longa.
Nessa sequência, seguimos simultaneamente as vidas da Irmã Irene (Taissa Farmiga) e a de Maurice (Jonas Bloquet) enquanto tentam seguir em frente depois dos traumas do primeiro filme. Mas quando uma série de assassinatos sobrenaturais parece estranhamente familiar, Irene é obrigada a enfrentar o fato de que o demônio Valak (Annie Bonnie) não tinha voltado ao inferno depois dos acontecimentos do primeiro filme.

Dirigido por Michael Chaves, que também é responsável por "Invocação do Mal 3" e "A Maldição da Chorona"; e contando com 1 hora e 50 minutos de duração, "A Freira 2" não tem nada do que fez a franquia charmosa e interessante no início da década de 2010.
Para início de conversa, ambos os filmes da Freira são flashbacks, o que significa que todos os acontecimentos dos filmes se passam antes do que acontece em "Invocação do Mal", o que já delimita que a história daqueles personagens tem que terminar de um jeito que já foi mostrado na linha temporal original.
O que acontece entre lá e cá, no entanto, é inteiramente dependente da criatividade dos roteiristas, e pelo visto, o grupo da Warner está bem disposto em alongar isso até o impossível.
Quem viu os dois filmes da Freira, sabe que embora ele pareça se aprofundar em um caso dos Warren (Vera Farmiga e Patrick Wilson) que só apareceu brevemente no segundo filme da franquia, no final das contas, a narrativa não anda pra frente em essência.
A direção de Chaves é bem monótona e diferente do mentor James Wan que consegue coordenar uma narrativa cheia de personagens de forma decente, erra diversas vezes em desenvolver demais certos personagens, enquanto outros, mais interessantes para a narrativa, ficam de lado.

"A Freira II" também perde bastante de um aspecto muito importante que fez Invocação do Mal tão eficiente: A exploração do medo sugestivo, menos explícito e bem mais eficiente. Nesse segundo filme da franquia, os sustos quase não funcionam, pois são previamente anunciados pela trilha e as aparições silenciosas de Aarons são tão frequentes que a audiência cansa rapidamente de sua presença.
Esse segundo filme também segue com a disparidade entre a primeira aparição de Valak no segundo filme de Invocação do Mal e seus filmes de origem, onde o demônio mostra uma capacidade muito maior do que no futuro.
Um dos aspectos bons, no entanto, é o elenco contratado. Guiado pela dupla Taissa Farmiga e Jonas Bloquet, que voltam aos seus personagens do primeiro filme com extrema facilidade.

Farmiga aqui apresenta uma Irmã Irene muito mais decidida e preparada: ela andou pelo inferno e confia em Deus e em sua missão para ela. Está disposta, caso a situação apareça, de combater o mal novamente.
Já Maurice (Jonas Bloquet) vai no caminho contrário: ele foge. Tendo passado pelo mesmo caminho infernal que Irene no primeiro filme, Maurice se prende à ideia de uma vida mais calma, mesmo que isso não seja possível.

O elenco coadjuvante ainda conta com Storm Reid, Anna Popplewell e Katelyn Rose Downey, e as três têm boas presenças, mas seus personagens não são tão bem aproveitados quanto deveriam.
Em conclusão, "A Freira II" é um filme que poderia ter sido melhor trabalhado e é uma pena que um personagem que causou tanto impacto quando foi introduzido em "Invocação do Mal 2" não teve uma história de origem que seguisse com esse impacto.
"A Freira II" tem UMA cena pós-crédito.


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