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"A Missa da Meia-Noite": Um Terror Emocionante


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Hamish Linklater e Samantha Sloyan em "Midnight Mass""

A Missa da Meia Noite” (Midnight Mass) é o projeto mais recente de Mike Flanagan para a Netflix depois de seus outros sucessos como “A Maldição da residência Hill” e “A Maldição da Mansão Bly”. A série também é uma adaptação do livro homônimo, de F. Paul Wilson, e contém apenas 7 episódios de uma hora de duração cada.

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Zach Gilford como "Reily Flynn"

A história, como outros projetos do diretor, segue vários protagonistas, moradores de uma ilha afastada da terra firme chamada Crokett Island. Depois da chegada de um jovem padre, os habitantes da ilha começam a testemunhar milagres, e têm suas vidas mudadas pela devoção extrema á religião, mas descobrem que a origem desses mistérios não é nada divina.


Os sete episódios, também escritos por Mike Flanagan são cheios de temas, simbolismos e citações bíblicas, o que além de ajudar a situar os espectadores naquele lugar tão isolado, em que a religião é o único pilar que importa para comunidade, também forma uma aura sinistra e perigosa entre os personagens.


Os roteiros constroem uma trama que vai se revelando aos poucos, a medida que a relação entre os personagens é também explorada para o apelo emocional. Isso dá bastante tempo para o espectador se conectar com suas dificuldades, objetivos e sentimentos. Mas, por causa desse enfoque, o terror fica relegado á algumas cenas rápidas que já indicam ao espectador mais acostumado ao gênero o que está prestes a acontecer alguns episódios antes de o acontecimento realmente ser revelado.


A série é uma distorção, uma exposição da face mais perigosa do fanatismo religioso, que a série baseia na fé cristã. Mike Flanagan trabalha para deixar claro que nem todo “bom cristão” é realmente bom, e que a maioria dos atos horrendos que acontecem na série podem, e são, ser justificados com uma passagem bíblica.


Um único problema no roteiro - que eu pessoalmente achei - foram a quantidade excessiva de monólogos. Várias vezes os personagens passaram alguns minutos expondo suas vidas passadas até aquele momento na história, explicando situações e opinando sobre questões esotéricas. Isso quebra a realidade do momento, apesar de todos os monólogos terem uma beleza óbvia, muitas vezes parecendo que pertencem mais a um poema do que numa série de suspense.


Como já aconteceu em outros projetos do diretor, o elenco é constituído por atores que já conhecemos de trabalhos prévios de Mike Flanagan, e as performances refletem essa intimidade entre elenco e criador, oferecendo cenas extremamente emocionantes e poderosas á audiência que não esperava nada menos que isso. Já estamos bem acostumados á qualidade das séries dele.

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Samantha Sloyan como "Bev Keen"

O destaque em “A Missa da Meia- Noite” é Samantha Sloyan, no papel de “Beveryly Keen”, que é uma personagem crucial para o andamento da narrativa, e o centro da subversão que a série explora com maestria. Sloyan entrega uma performance cheia de vida, e suas falas são entregues tão cheias de convicção que o espectador é capaz de acreditar que há um fundo de verdade em suas palavras.


Kate Siegel e Hamish Linklater, nos papeis de "Erin Greene" e "Padre Paul" respectivamente não ficam muito atrás. Siegel já é bem conhecida entre as produções de Mike Flannagan, e consegue entregar muito em sua performance. Linklater é um novato, mas sua performance cheia de nuanças e sutilezas casam muito bem com o estilo do gênero e com a ideia da narrativa. É impossível desviar os olhos dele.


O elenco jovem, Rahul Abburi, Igby Rigney e Annarah Shepard têm vários momentos de brilho, e não seria uma surpresa se esse elenco também entrasse para a trupe de Mike Flanagan.

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A Missa da Meia-Noite” é uma série complexa e recheada de problemáticas religiosas que vai agradar algumas pessoas, e irritar outras, mas que no final das contas convida o espectador a pensar mais criticamente sobre muitas coisas, desde nosso lugar no universo, ao conceito de libre arbítrio e a doutrinação religiosa.

 
 
 

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Matinê Baiana

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