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A mulher na janela: Uma mistura de amor e ódio

Intrigante, confuso, diferente e inconsistente. Essas são as melhores definições para o filme “A mulher na Janela”, baseado no livro de mesmo nome escrito por A. J. Finn. O filme, dirigido por Joe Wright e roteirizado por Tracy Letts, traz aspectos que salvam parte da trama, mas que não conseguem levar a narrativa para um bom resultado final.


A história acompanha a vida de Anna Fox (Amy Adams), uma psicóloga infantil com “agorafobia” que passa o dia observando a vida dos seus vizinhos pela janela. Com a mudança de uma nova família e a testemunha de um possível assassinato, Anna busca a verdade enquanto lida com a sua realidade.

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Carregado com um elenco de grande peso, com Amy Adams, Gary Oldman, Julianne Moore e Anthony Mackie, o filme tinha tudo para ser um grande sucesso. A trama, que nos livros é conhecida por carregar seu suspense aos poucos, aumentando o terror vivido pela protagonista, no filme se passa por borrões e edições ilusórias que beiram a bizarrice. Amy Adams consegue carregar com plenitude toda a carga dramática e psicológica que sua personagem passa, isso já demonstrado com a minissérie “Objetos Cortantes” (Sharp Objects), também baseada em uma obra literária.


O filme de 1h40min divide seus 3 atos em uma explosão de informações corridas, carregadas de alguns bons planos, mas terríveis cenas. Tive a impressão de assistir uma codireção entre o diretor e o editor, que, aparentam possuir pontos de vista diferentes da trama, e com isso, o filme passa uma sensação de 8 ou 80 a todo o instante. Uma hora, o filme é carregado de cortes exagerados e sem linearidade; Planos confusos, que criam formas distorcidas e tamanhos desproporcionais; Efeitos beirados a Hitchcock, que parecem retirados de uma edição amadora e diálogos corridos, sem carga dramática e expositivos. Em outros momentos, o filme consegue trazer planos de tirar o fôlego, suspense no ponto necessário e reviravoltas de prender os olhos na tela.


A todo o instante o filme nos coloca na mente e vivência da protagonista. Entramos de cabeça em seu universo cotidiano e trancafiado, vendo os dias confusos e corridos assim como sua mente, carregada de medicamentos e álcool, onde o real e a imaginação fluem de maneira interligada. A história consegue nos colocar nessa imersão, mas, com tantos momentos corridos e confusos, o primeiro ato passa por um borrão de incoerências, prejudicando justamente um dos momentos essenciais para nos interessarmos na trama. Mesmo acreditando que esses borrões e confusões fossem propositais, nos colocando literalmente na visão da protagonista, a realização acaba prejudicando e não gerando a angústia necessária que queriam tanto trazer para os telespectadores.

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A trilha e fotografia conseguem criar o clima necessário para a narrativa caminhar, e o trabalho e preparo dos atores para seus respectivos papéis conseguem ser vistos e absorvidos para fora das telas. A reviravolta chave para o ponto de virada do filme no final do segundo ato é bem trabalhada e construída, sendo apresentada aos poucos desde os minutos iniciais da trama. Com isso, penso o que pode ter ocorrido para que, em um mesmo filme, onde se encontram revelações e reviravoltas importantíssimas, uma tenha sido feita com excelência, e outra, no final do terceiro ato, ser tão corrida, afobada, exagerada, e confusa.


O filme é uma confusão de sentimentos emaranhados entre amor e ódio, e por mais que tenha pontos positivos, o filme termina com a sensação de incompleto, daqueles filmes em que era possível ser uma obra memorável, mas que a tantos erros e problemáticas que nem a maior reviravolta possível seria capaz de salvar.


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Matinê Baiana

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