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"A Mulher Rei": Um Blockbuster Histórico

De vez em quando Hollywood dá algumas chances para projetos que fogem ligeiramente da curva, criando um precedente que há muito era esperado. Embora raros, esses projetos normalmente são muito bem feitos e resultados de muito esforço. Valem a pena serem assistidos num cinema com as melhores escolhas de imagem e som.


"A Mulher Rei" (The Woman King) é certamente um desses filmes. Planejado para estrear dia 22 de Setembro de 2022 nos cinemas brasileiros, o longa foi dirigido por Gina Prince-Bythewood e escrito por Maria Bello e Dana Stevens, e conta uma narrativa fincada na realidade conturbada da colonização do continente africano e do mercado escravista do séc. 19.

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Tsuso Mbedu, Lashana Lynch e Sheila Atim como Guerreiras Agojie

A história segue as guerreiras da guarda real do reino Daomé, que lideradas pela general Nanisca (Viola Davis), tentam manter seu lugar no controle local sob a ameaça de entrar em guerra com outro grupo. Quando Nawi (Tsuso Mbedu), uma garota de 19 anos é deixada nos portões do palácio, ela traz reviravoltas que costuram toda a narrativa junta.


A narrativa do filme toda é desenvolvida a partir dos olhos e experiências de Nawi, e por ela vemos as causas e consequências políticas, a relação de irmandade e força entre as guerreiras Agojie, e o desenrolar do passado de Nanisca.


O roteiro do filme é por vezes previsível, sem ser chato, na condução de três frentes da narrativa: a política, a de Nanisca e o romance que infelizmente pareceu entrar na trama só para preencher uma necessidade inventada. Embora essas sejam sensações que a audiência pode ter depois do filme ter terminado, a narrativa e a condução mestra de Bythewood prende o espectador na cadeira do início ao fim.


Por partir de uma história que é verdadeira, o roteiro não se esquiva de manejar temas complexos, como a pratica de escravidão dentro do próprio continente africano e por parte de povos também africanos; e da crueldade alegada das guerreiras Agojie, treinadas e preparadas para a guerra. Em vez disso, o texto de Bello e Stevens trabalha para atenuar esses fatores, oferecendo talvez uma narrativa alternativa à real.


Conhecida por projetos de ação e com o teor político como "The Old Guard" (Netflix) e "Amor e Basquete" (Telecine), Gina Prince-Bythewood cria sequências fantásticas, também se valendo de técnicas de combate real para tirar o fôlego do público - Coisa que vem exercitando desde sua entrada para a Netflix. Além disso, a diretora sabe que seu trunfo está no elenco dono de talento de proporções também épicas.


Bythewood tira proveito de longos takes sem falas para mostrar todo o esforço das guerreiras, e consequentemente das atrizes. São cenas sem tremedeira, muito bem coreografadas que nos permitem ver exatamente o que as mulheres estão fazendo, aumentando ainda mais a ideia de que elas são guerreiras de elite, e merecem o medo que inspiram.

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Viola Davis como "Nanisca"

Tanto em combate quando tem cenas dramáticas, a imbatível Viola Davis conduz a trama com facilidade e força, muitas vezes só com o poder de seu olhar. Sua personagem é multifacetada e conduzida brilhantemente, de modo a mostrar não só a faceta de guerra, mas também a de companheira, matriarca e líder. É uma sensação maravilhosa sentir o quanto a atriz se importa com o papel e sua representação, dando a sensação de que não há limites para seu talento.


Tsuso Mbedu, embora bem mais jovem, não tem muitos problemas para acompanhar Davis, embora sua personagem, Nawi, possa parecer um tanto quando um fardo que Nanisca tem que carregar, por sua arrogância, autoconfiança e rebeldia. As duas formam uma dupla interessante, e conduzem o terceiro arco juntas maravilhosamente bem.

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No elenco coadjuvante, "A Mulher Rei" conta com ninguém menos que Lashana Lynch, John Boyega e Sheila Atim, nos papeis de "Izogie", "Rei Ghezo" e "Amenza", além de muitos outros. Esses três merecem 100% do destaque que recebem em cena, em especial a Lashana Lynch, que foge completamente de seus papeis anteriores, interpretando Izogie de forma divertida, combativa e uma figura familiar para Nawi.


A direção maestrosa de Bythewood e as performances dignas de prêmios do elenco todo fazem "A Mulher Rei" um dos filmes que merecem mais a atenção dos cinéfilos nesse mês de Setembro, embora o roteiro possa deixar algumas partes à desejar, mas sem plot holes. O longa apresenta uma narrativa necessária e bem impactante, valendo cada centavo do Ingresso.


PS: "A Mulher Rei" possui uma cena pós crédito. Sua significância pode passar despercebida por alguns espectadores mais desatentos às notícias internacionais, mas aos que notarem, o impacto é forte.

 
 
 

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Matinê Baiana

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