"Adão Negro": Um Passo para Frente, Outro para Trás

A segunda parcela do univers

o cinematográfico da DC Comics em 2022 veio com "Adão Negro" (Black Adam), que chega aos cinemas brasileiros em 20 de Outubro. Um filme spin-off do longa de 2019, "Shazam", "Adão Negro" chega com uma proposta de desestabilizar a hierarquia de poder do universo da DC, e começar a desenvolver o universo mágico sombrio da franquia com mais força. Mas será que o filme consegue fazer isso mesmo?

Dwane Johnson como "Teth-Adam"

A trama do longa segue Teth-Adam (Dwane Johnson), um ex-escravo de 5000 anos que recebeu poderes do conselho dos Magos - Como acontece com o protagonista de Shazam. Quando Teth-Adam é trazido de volta para o séc. 21, por Adrianna Tomaz (Sarah Shahi) por acidente, é recebido como um Campeão de "Kahndaq", um país que sofre há duas décadas com a exploração da "intergangue".

Num ataque de fúria, Teth-Adam mostra seu poder destrutivo contra a ordem exploratória do país, chamando atenção da Sociedade da Justiça, que entra para controlar a situação. Conhecemos então "Gavião Negro" (Aldis Hodge), Doutor Destino (Pierce Brosnan), Ciclone (Quintessa Swindwell), e Esmaga-Átomo (Noah Centineo).

Já de início, o filme parece não saber em quem focar como protagonista. Ele tenta rapidamente introduzir várias linhas da trama diferentes, pulando de era para era, lugar para lugar sem realmente oferecer uma âncora narrativa à audiência. É o equivalente de um brainstorm que infelizmente não passa da introdução de várias ideias boas.

Até o segundo ato. É quando o filme parece se resignar à função de entregar aos espectadores o que eles foram ver: "Um filme do The Rock". Carismático como sempre, é quase impossível ver o ator como o vilão da história, e Adão Negro se contenta em primeiro usar os efeitos especiais para estabelecer a vilania do personagens em sequências e em câmera lenta, para depois se contentar a dar o lugar de antagonista à Teth-Adam.

As sequências em efeitos especiais estão realmente bem feitos, se valendo talvez da longa espera do filme em sair para o cinema mundial. Em tempos em que a audiência tem se posicionado descontentes com os produtos mais apressados da Marvel que estão entregando efeitos medíocres, "Adão Negro" oferece uma opção divertida e cheia de ação.

O filme vai apelar principalmente para os espectadores masculinos, usando bastante artifícios cinematográficos de outros filmes e diretores da DC, o mais óbvio sendo Zack Snyder e o seu uso de cenas de ação em câmera lenta, a paleta de cores mais fria e escura e "granulado". Jaume Collet-Serra, diretor de Adão Negro usa bastante disso, comprometendo sua visão independente.

Sarah Shahi e Bodhi Sabongui como "Adrianna" e "Amon""

Mas mesmo que na questão visual, o filme seja um banquete para os olhos ávidos, no departamento de roteiro, "A

dão Negro" deixa a desejar. Ao decidir ambientar a narrativa num país que sofre com a opressão de estrangeiros, o filme tenta abordar temas como Imperialismo e questões sociais importantes, mas o discurso fica como background para a destruição que segue das cenas de luta.

O que mais chama atenção de forma positiva é que a chegada da Sociedade da Justiça é posta em cheque todas as vezes que eles tentam capturar Teth-Adam, em linhas de diálogo educadas, mas extremamente indignadas vindas de Adrianna, personagem de Sarah Shahi.

Gavião Negro em "Adão Negro"

Inclusive, a Sociedade da Justiça sofre com pouco tempo de tela e tentativas meio desanimadas de introduzir o grupo e seus poderes. Personagens queridos e que muita gente lembra de ter visto na infância, "Gavião Negro" e "Doutor Destino" são rapidamente introduzidos, talvez uma escolha apoiada pelo fato de que eram mais conhecidos pela população geral, mas os personagens parecem enfraquecidos, reduzidos á poucos relances de suas habilidades reais nos quadrinhos e animações.

"Doutor Destino" em "Adão Negro"

Esses dois inclusive, provavelmente serão os mais criticados, pois embora essa seja sua primeira aparição no universo da DC, os arquétipos já foram introduzidos e explorados a fundo com os personagens "Doutor Estranho" e "Falcão".

Além da introdução da Sociedade da Justiça. de Teth-Adam e da abordagem pesada de temas sociais, "Adão Negro" ainda adiciona a entrada de demônios e o universo mágico sombrio à trama. Saindo em conjunto - um mês de diferença - Com "Sandman", parece que essa é uma linha que vai ser futuramente explorada pela franquia.

Concluindo, "Adão Negro" é um filme divertido, dinâmico e recheado de ação, que abre precedente de temática e linhas narrativas que podem enriquecer muito bem o universo cinematográfico da DC em live actions. É um filme que é melhor aproveitado nas melhores qualidades de imagem e som, e pagar o ingresso em IMAX vale a pena se você está atrás da melhor experiência.

P.S. Adão Negro conta com UMA cena pós créditos.