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"Argentina, 1985": No Más


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As vezes um filme surge de fininho, sem fazer muito alarde, mas acaba por chamar atenção por sua qualidade merecedora de prêmios nos sites de comentários de cinema, chegando até a ser cotado para a premiação do Oscar.



Seja por sua narrativa envolvente e forte baseada em fatos reais, ou a excelência de seu elenco, ou ainda a reação de um público que curioso e surpreso, clicou no "play" sem muitas expectativas, "Argentina, 1985" é certamente um desses filmes.


A narrativa construída por Santiago Mitre e Mariano Llinás segue o promotor Julio Strassera (Ricardo Darín), durante os 5 meses que teve para preparar a acusação de 9 membros do exército argentino que participaram da ditadura civil-militar (1976-1983). Ao aceitar o trabalho, Julio tem que enfrentar ameaças, juntar uma equipe inexperiente e manter a família segura.


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O filme em si é grandioso, construído para impressionar a audiência de festivais e do streaming, chegando a usar de pequenos artifícios manipuladores, como a trilha sonora emocionante e cenas arquitetadas para causar o maior efeito possível. Embora isso aconteça descaradamente, o filme funciona, e se esse tipo de narrativa não merece um tratamento mais épico, nenhuma das outras o fazem.


A direção de Santiago Mitre é escura, intensa e carregada da atmosfera tensa e sombria de um país que acaba de sair de um de seus períodos mais caóticos, mais doídos de sua história. Essa sensação contrasta com a década em que o filme se passa, normalmente relacionada á eventos mais positivos e nostalgia.


O roteiro é por vezes expositivo demais, ao mesmo passo que deixa certas coisas no ar, explicando apenas o que é necessário para que o espectador não argentino entenda o contexto em que a história se passa. Isso faz com que a narrativa não fique muito pesada, exigindo que quem está assistindo se lembre de vários outros acontecimentos para entender o arco principal.


Fora isso, o roteiro é poderoso e impactante, que junto com a performance do elenco dedicado entrega momentos emocionantes. No início do terceiro ato por exemplo, há uma cena longa de testemunhos de vítimas da ditadura que é pesadíssima. A atriz Laura Paredes é a que que chama mais atenção, e certamente será indicada á prêmios por sua performance.

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Ricardo Darín como "Julio Strassera"

No mais, Ricardo Darín é maravilhoso no longa. Sua performance é cativante, esperta, emocionante e por vezes até engraçada. Ele é o tipo de herói hesitante que tem habilidade necessária para lidar com os obstáculos, mas é responsável e tem noção do perigo que corre. Seu monólogo no final do filme é de gelar o sangue, entregue com todo o cuidado e dedicação possíveis.


O elenco coadjuvante é jovem, mas tem um potencial gigantesco. Aqui os dois que atraem os olhos são Peter Lanzani como Luis Moreno Ocampo, o promotor adjunto na equipe de Strassera, e seu apoiador mais leal, e Santiago Armas Estivarena como Javier Strassera, filho do promotor que serve também de "espião" para o pai.


Em conclusão, "Argentina 1985" é um filme surpreendente, informativo, emocionante e um forte candidato aos prêmios de filmes estrangeiros em premiações internacionais. Certamente é um longa que deve ser visto. Está disponível na plataforma Prime Video, com a duração de 2 horas e 20 minutos.



 
 
 

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Matinê Baiana

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