"Assim na Terra como no Inferno": Um sobrenatural gamificado

“Assim na Terra como no Inferno” (As Above so Below) é um filme de terror e exploração no estilo de documentário falso e emprega técnicas do sub gênero found footage. O longa de 2014 foi dirigido por John Erik Dowdle e está disponível na Netflix, Claro Video e iTunes.

Perdita Weeks como "Scarlett"

O filme segue Scarlett (Perdita Weeks), uma jovem e obstinada professora da universidade de Londres durante sua busca pela Pedra Filosofal. Junto como documentarista Benji (Edwin Hodge) e do velho amigo George (Ben Fieldman), ela parte para Paris para seguir as pistas que seu pai havia deixado. Pelo caminho eles conhecem o rebelde Papillion (François Civil) e a sua equipe. Quando eles descendem ás Catacumbas de Paris, descobrem que a jornada vai ser muito mais infernal do que inicialmente pensavam.

Ben Fieldman e Perdita Weeks como "George" e "Scarlett"

O filme é divertido e assustador, sendo hábil em criar uma atmosfera leve e animada no primeiro e segundo atos, com a primeira parte da narrativa focada em passar por uma caça do tesouro cheia de mistérios e aventuras, mas também costurar cenas tensas e claustrofóbicas, deixando o espectador de olhos arregalados até as revelações terminarem.

O emprego de um objeto já batido, a Pedra Filosofal foi talvez uma escolha preguiçosa, mas que casa com a estética e a locação do filme, que é o verdadeiro tesouro. Foi um acerto de mestre ambientar o filme num dos lugares mais famosos do mundo, as Catacumbas de Paris. Isso adiciona um ar de realidade ás gravações, que inteligentemente são feitas pela câmera de Benji e pelas câmeras "go pro" nos personagens. Além disso, vai ser uma surpresa muito boa para quem gosta de vídeos de exploração urbana. Esse filme realmente tem essa vibe.

“Assim na Terra quanto no Inferno” foi escrito pelos irmãos John Erik Dowdle e Drew Dowdle, e diferente do cenário em que a narrativa acontece, o roteiro não adiciona uma camada muito fiel de realidade á trama. Cheio de cenas em que os dois acadêmicos, Scarlett e George murmuram teorias e conversam entre si explicando coisas que se a audiência tentar seguir por si só, vai achar pouco sentido para as conclusões que eles tiram. Isso sem falar da conveniência presente em todo o filme, facilmente observável.

Mas uma vez que isso é deixado de lado, os espectadores terão uma experiência interessante, com os próprios personagens que tem uma interação realista e cativante, e também com alguns conceitos bastante presentes na área das lendas urbanas, e que despertam a curiosidade. O filme é uma mistura quase perfeita de um filme adolescente de aventura com aspectos sobrenaturais.

Que inclusive é um ponto muito positivo do longa. A estética foi criada para assustar e confundir, e a produção acerta 100% nisso. Investindo mais nos designs e nas interações dessas criaturas com os personagens, pouco sabemos deles. Essa confusão cria ainda mais tensão porque o medo do desconhecido está presente á todo instante, e não sabemos nem o que esperar deles, nem do que eles são capazes até certo ponto. Atenção especial aos efeitos especiais! Não são coisas grandiosas que estamos acostumados hoje em dia, mas são extremamente eficientes, é impressionante.

Outro acerto do filme é a edição. Apesar de seguir múltiplos pontos de vista, “Assim na Terra quanto no Inferno” não é um filme difícil de acompanhar. Estamos ali, junto com os protagonistas enquanto eles enfrentam as situações mais estranhas e aterradoras, mas não há um momento em que não sabemos o que está acontecendo.

As performances são boas, dado o material que o elenco teve com que trabalhar. Aqui a conveniência as vezes fala muito alto, mas não chega a criar nenhuma situação completamente impossível. O trabalho do roteiro é desenvolver a relação entre os três protagonistas Scarlett, George e Benji, com bastante atenção também para Papillion.

Em conclusão, “Assim na Terra como no Inferno” é um filme divertido, que cumpre o seu objetivo e traz conceitos interessantes. Ele introduz os personagens de forma simpática e seria uma ótima introdução ao gênero do terror sobrenatural, especialmente para audiências mais jovens.