"Batman": Uma história de Detetive mascarada no gênero super-herói
- Helena Vilaboim
- Mar 2, 2022
- 3 min read
“Batman” (“The Batman”) é um filme de 2022 dirigido e escrito por Matt Reeves em conjunto com Peter Craig. O longa, de classificação indicativa para 14 anos, entra para os cinemas brasileiros em 3 de Março de 2022 e conta com 2 horas e 56 minutos de duração.
A narrativa segue Bruce Wayne, melhor conhecido por “Batman” (Robert Pattinson) durante um período de caçada ao terrorista “Charada” (Paul Dano), que está aterrorizando as ruas de Gotham, fazendo os que ele julga corruptos pagar com suas vidas em espetáculos terríveis.

Com uma condução bastante baseada no gênero Noir, Matt Reeves faz com que “Batman” seja verdadeiramente uma história de detetive, entregando uma narrativa de passo mais lento e misturando elementos relacionados aos quadrinhos e também bastante realistas, se afastando dos filmes do gênero visualmente mais chamativos.
O que não significa que o filme é esteticamente chato. Reeves mergulha no clima gótico do filme e do personagem e preenche a tela de experimentos visuais que enchem os olhos dos espectadores. São tomadas de cabeça para baixo, tomadas de binóculos e cenas que parecem ter a base em outros filmes de suspense e mistério, duas bem parecidas com cenas marcantes em "O Silêncio dos Inocentes".
A audiência é mergulhada num universo em que Bruce Wayne já está estabelecido como Batman, e vem exercendo as funções de vigilante há dois anos. Sua motivação e origem de seus métodos, porém, é desconhecida para nós, talvez criando uma dúvida de como esse personagem se diferencia de todas as outras versões.
Essa dúvida é logo dissipada pela performance de Pattinson, que entrega um Batman capaz, eficiente, ainda menos marcado por Gotham, e com a missão clara de melhorar a cidade em nome de seus pais. Conhecemos mais seu personagem por seus atos, e interações com outros personagens, e não ter um início marcado para o personagem é uma mudança interessante.

“Charada” é um personagem interessantíssimo, e em algumas cenas, a performance de Paul Dano vai além do esperado, dando a impressão de que estamos assistindo a algum documentário sobre assassinos em série (Pensa os interrogatórios de “Mindhunter”). É através dele que algumas das cenas mais chocantes no filme são mostradas.
Isso inclusive, é outro aspecto engenhoso da direção de Reeves. Como a Warner Bros exigiu um filme que tivesse a classificação indicativa mais baixa, as cenas de violência são contidas, e Reeves usa muito a sugestão do efeito de algumas ameaças do Charada do que mostrar a cena em si. Apesar disso minimizar o gore, as cenas são eficientes e certamente deixarão parte da audiência agoniada.
Mas isso também pode ter saído um pouco pela culatra, pois como isso também afeta o protagonista, fica a sensação de que o Batman é invencível, e não há momentos em que realmente tememos por sua segurança, sendo as muito poucas as cenas em que isso poderia ser explorado.

O elenco coadjuvante é maravilhoso. Zoë Kravitz e Colin Farrell brilham quando contracenam com o Batman, como "Selina Kyle" e "Oswald Cobblepot" respectivamente. É bem possível que eles retornem aos papeis numa esperada sequência, assim como Andy Serkis e Jeffrey Wright como Alfred e James Gordon. Seria maravilhoso explorar melhor a dinâmica desses personagens em relação ao Batman e entre si.
Concluindo, "Batman" é um filme Noir com a máscara de filme de super-herói, como o personagem sempre teve a intenção de ser. Ele peca em alguns aspectos, como a duração que as vezes se arrasta, perdendo o rumo da trama em alguns momentos; e a pouca exploração da história e psique do protagonista, mas entrega um filme marcante e que merece uma sequência.
P.S: O filme possui uma cena pós crédito bem no final, e é possível "conversar" com o Charada através do site "www.rataalada.com" (Recomendamos essa parte só para quem já viu o filme)
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