Crítica: "Abigail"
- Clara Ballena
- Apr 18, 2024
- 3 min read
Updated: Apr 22, 2024
"Abigail", novo filme de terror/thriller da mesma dupla de diretores responsáveis por “Casamento Sangrento” (2019) e “Pânico 6” (2023), Tyler Gillet e Matt Bettinelli-Olpin, chegou aos cinemas brasileiros no dia 18 de Abril de 2024, e segue uma lógica semelhante às obras anteriores da dupla. Apesar disso, a direção não exagera no gore, tão presente nessas narrativas, nem no cômico demarcado pelo absurdo.
"Abigail" é um novo projeto audiovisual que cai numa recente categoria do gênero, apelidada carinhosamente (e pessoalmente), de “Farofa Gore”: uma estética fílmica em que o grotesco entra em paralelo com o cômico, sendo um exemplo típico desse novo subgênero é o icônico "Pânico", de 1996.
Seguindo o modelo clássico de “Pique-esconde” em uma casa sem saída, e um monstro que persegue e/ou atormenta um grupo de pessoas, a narrativa de "Abigail" entretém pelo absurdo e inusitado, utilizando-se de elementos que fazem parte do imaginário coletivo, como o vampirismo, mas o modificando e tornando-o mais sangrento e brutal ao personificá-lo num corpo infantil.
O longa acompanha a história de um grupo de criminosos que, por um valor exorbitante, aceita sequestrar uma criança chamada Abigail (Alisha Weir). Tendo a obrigação de se isolarem na casa até que o resgate seja feito, com o passar do tempo a equipe descobre que, além da criança ser filha de um milionário misterioso, ela esconde alguns segredos que vai colocar a equipe em perigo.
A sinopse parece não entregar a trama do filme, mas caso o espectador assista ao trailer antes do filme, alguns elementos essenciais da trama já estarão aparentes, ou melhor dizendo, a trama pode ser analisada por inteira a partir dos materiais de divulgação previamente exibidos do filme.
Por isso, o que seria um ponto chave para atrair o público acaba por se transformar em algo negativo. Afinal, como atrair a curiosidade do público com uma vampira bailarina assassina, que em um corpo de uma criança, mostra um olhar doce enquanto decapita algumas cabeças quando já sabemos que isso acontece?
O que acontece, então, é uma introdução longa e desnecessária, já que todo o mistério e plot por trás da narrativa se perde. É somente quando o que a audiência já sabia é finalmente revelado, dentro da própria história e para os personagens, que a trama começa a se desenvolver e engajar o espectador.
Se passando majoritariamente nesta antiga mansão que beira ao mal assombrado, o filme se torna a clássica trama de gato e rato, em que aos poucos os personagens vão morrendo ou lutam para sobreviver das maneiras mais absurdas possíveis, e é nisso que Abigail se prende para entreter os espectadores.
Nessa composição, somos apresentados à arquétipos, dando destaque à personagem de Joey, a típica final girl, que é maravilhosamente bem interpretada por Melissa Barrera. Todos os personagens-arquétipos funcionam na trama, e o elenco não demonstra dificuldade em manter a linha tênue entre o cômico e o grotesco sangrento.
Outro destaque importante a ser trazido é a performance da atriz mirim Alisha Weir, que vai de igual para igual com seus companheiros de cena mais velhos e mais experientes no gênero de terror.
Cômico, grotesco e sangrento, "Abigail" pode ser uma boa porta de entrada para aqueles que se interessam pelo terror, mas se mantêm com um pé atrás pelo medo. Carregado de comédia, não espere um filme que se leve a sério. Justamente por se compreender, a obra gera um entretenimento absurdo, e mesmo com pequenas problemáticas na narrativa, o filme trás o que propôs, e entrega o que prometeu.






Ainda não vi o filme, mas fiquei curiosa e irritada. Se essa dupla é capaz de fazer um filme desses, claramente se baseando na herança do "Pânico" original, por que não fazer isso DENTRO da franquia que eles dirigiram já duas vezes?