Crítica - Fugindo do Amor
- Clara Ballena
- Aug 4, 2021
- 3 min read
Fugindo do Amor era um filme que tinha tudo para ser um sucesso, produzido por Alicia Keys e tendo um elenco majoritariamente negro, o filme de comédia romântica com nuances de musicais, traz um tema interessante sobre términos e superações, além de retirar estereótipos, ao colocar mulheres como aliadas, e não competindo por um mesmo homem. Mas, com uma direção desastrosa, falta de cuidado com a iluminação, atores atuando como se estivessem em um palco e com uma comédia rasa, se torna um filme que no final você apenas quer, literalmente, fugir.

O filme conta a história de Erica (Christina Milianri) que sonha em ser uma cantora de sucesso. Após um ano de tentativas, e ainda tendo que lidar com o término do seu noivado, Erica acaba parando em um resort paradisíaco onde acaba tendo que cantar em casamentos. Se descobrindo e passando a se sentir bem consigo mesma, tudo muda quando descobre que terá que cantar no casamento de seu ex-noivo, Jason (Jay Pharoah), que agora está noivo de Beverly (Christiani Pitts). Tentando esconder a verdade do antigo relacionamento, Erica entra em conflitos sobre o antigo sentimento que ressurge pelo ex, ao mesmo tempo em que lida com seus sentimentos em relação a Caleb King (Sinqua Walls), irmão de Jason que apenas conhece no Resort.
Apesar da pequena fuga de clichês, o filme se mantém em um roteiro fraco, que nada adiciona ou complementa na formação dos seus personagens. A história se guia na base clássica do roteiro, mas adiciona cenas musicais extensas, que apenas surgem para mostrar o talento da protagonista em cantar.
A direção aparenta tirar planos de um livro para iniciantes de direção: Planos simples, sem variações, com uma câmera que foca tudo ao seu redor, que os atores perdem destaque em cena. A iluminação do filme é opaca, e raras são as vezes que se troca das lentes de alta angulação, ou seja, tudo em plano está bem nítido, para desfoques (esses que aparentam serem feitos na pós produção de tão bizarros que estão). A luz é sem vida, como se a pós quisesse trazer o mais natural possível, mas se esquece que todo o filme necessita, no mínimo, de um acabamento final, uma colorização padrão que não destoa entre, uma hora iluminações claramente artificiais, outra hora estourando a iluminação e deixando várias cenas com fundos brancos.

As atuações desabam ao melodrama. Feições exageradas, reações sem espontaneidade, seguidas de caras e bocas para expressar emoções que naturalmente são sutis, mas que se tornam excessivas. As atuações de todos, sem exceção, são carregadas de exagero.
Remete a uma ideia de filmes clássicos de comédia, que poderiam ser uma pequena homenagem a época, mas quando sua aplicação beira a bizarrice e com temas atuais, o filme não cita, ou contempla referenciar, criando uma falsa sensação, apenas para talvez, justificar sem exagero e erros.
A união feminina pode ser considerada seu maior destaque, retirando a rivalidade machista e colocando o ponto de vista de duas mulheres que, poderiam ser colocadas como rivais, mas são representadas como possíveis aliadas. Mesmo assim, o foco dos relacionamentos se coloca acima do desenvolvimento pessoal da protagonista, o que é estranho de se pensar visto que o filme inicialmente aparenta querer colocar o segundo como tema central do filme.

Fugindo do Amor pode até fazer você dar algumas risadas do tão absurdo que certas situações são. É um filme simples, que necessitava se compreender em seu próprio universo e, ou afirmar de onde veio suas referências, e se reconhecer como uma delas, ou ao menos procurar trazer uma maior profundidade em um roteiro que nada no raso a todo o momento.
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