Crítica: "Lightyear"
- Clara Ballena
- Jun 16, 2022
- 3 min read
Iniciando sua narrativa realizando uma ligação direta ao longa que preencheu por anos o coração dos telespectadores, "Lightyear", novo filme da Pixar / Disney se apresenta como o filme em que o protagonista de “Toy Story”, Andy assistiu nos cinemas, e que estaríamos vendo o mesmo filme que levou a criação do brinquedo Buzz Lightyear.

Em uma tentativa mínima de inovação, o longa acaba se prendendo às fórmulas clássicas que, apesar de garantirem uma trama divertida e leve, se perde em trabalhos anteriores que alcançaram uma excelência que este não consegue.
Aqui, acompanhamos a história do patrulheiro espacial que após cometer um erro movido pela sua arrogância, acaba por deixar uma civilização em um planeta hostil. Na tentativa de corrigir o seu erro, Buzz Lightyear ( Dublado por Chris Evans e no Brasil, por Marcos Mion) acaba partindo em uma missão para conseguir atingir a velocidade de hiperespaço, e assim, fazer com que todos voltem para seu planeta natal.
Com cenas espaciais remetendo a clássicos como “Star Wars”, fica claro que a evolução tecnológica para animar estas figuras tão bem trabalhadas, que percebemos dos seus poros até fios de cabelo, é um detalhamento e cuidado primoroso desta animação. Não há críticas em relação ao trabalho dos animadores, que entregam ao longo do filme belas cenas cinematográficas que deslumbram os olhos do público (em uma tela IMAX então, pois este é o primeiro filme de animação a utilizar esta tecnologia que chegou recentemente em Salvador - BA).

Com cenas de ação bem elaboradas, para um público mais infantil abaixo dos sete anos de idade, talvez o filme assuste mais do que agrade. O que justamente gera uma contraposição devido a premissa do filme ser tão frágil e simplória. Com uma temática simplista de “Devemos aprender a trabalhar em conjunto”, o filme é prejudicado pelos seus antecessores que, ao trazerem cargas emotivas e temáticas extremamente elaboradas, porém simples de serem expostas, o longa acaba estando em um nível inferior quando colocado em comparação aos demais.
Com isso, nosso protagonista, o herói egocêntrico, aprende a verdadeira lição no final de maneira rápida, sem um desenvolvimento emocionante ou que impacte uma audiência adulta. Ele é interessante de se acompanhar, e as reviravoltas que o filme propõe, até possuem um pequeno “plot-twist”, mas basta relembrar alguns momentos do longa para que ele se torne mais um das previsibilidades lançadas durante todo o filme.

Apesar do comodismo, há personagens que roubam a cena e trazem um agrado especial ao filme. Sox, o gato robô do nosso patrulheiro, sempre está pronto para trazer um alívio cômico, além de sua esperteza que garante que nosso herói e seus companheiros escapem de diversas emboscadas; E Alisha Hawthorne, uma patrulheira espacial assim como nosso protagonista, que nos serve como guia para entender como a viagem espacial de Buzz o afeta não só na passagem de tempo, como psicologicamente, pois cada aventura do patrulheiro que dura minutos, no planeta se passam mais de 4 anos. Com isso, Buzz passa a ver a vida de Alisha passar rapidamente, assistindo a distância sua amiga construir uma família ao lado de sua esposa, sendo a primeira personagem LGBTQIA+ em uma animação. Apesar do pouco tempo de tela, seu papel é importante para a narrativa, demonstrando, mesmo que mínimo, um pequeno avanço na história das animações, que necessita continuar crescendo.

"Lightyear" é um filme morno: Não é ruim, mas também não está entre as melhores produções da empresa. É um longa que existe em seu eixo e que poderá arrecadar positivamente, mas que no futuro, pode se perder em meio a tantos outros sucessos.
Observação: O filme possui três cenas pós-crédito.



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