Crítica: "Os Fabelmans" - Uma carta de amor ao cinema
- Clara Ballena
- Jan 12, 2023
- 2 min read
Em um século formado pela velocidade da informação, que necessita de um entretenimento rápido para se gerar altas doses de dopamina através de pílulas de entretenimento, respirar fundo e assistir ao desenvolvimento de uma família e o amor de um jovem por cinema é sem sombras de dúvidas um respiro de alívio artístico.

“Os Fabelmans”, uma semi-autobiográfica do diretor e roteirista Steven Spielberg, embarca na história da família Fabelman. Sammy Fabelman (Gabriel LaBelle), filho mais velho da família, cresce após a segunda guerra mundial fascinado por filmes, começando a construir suas próprias produções enquanto cresce em um presente drama familiar.
Poder olhar para suas próprias memórias gera um sentimento nostálgico, e em uma onda em que se utilizam de artifícios memoráveis para atrair um público, Spielberg consegue inovar em sua própria nostalgia, entregando um belíssimo trabalho sobre arte, família e amor. A simplicidade que conduz sua narrativa é certeira, sendo capaz de narrar uma família com profundidades e camadas que nos engloba em seu universo e nos fazem emergir naquele mundo.

Com uma construção cativante, é bem difícil, principalmente para os amantes do cinema e profissionais da área, não se simpatizar ou não se emocionar com os brilhos nos olhos do jovem Sammy, descobrindo pela primeira vez a sétima arte e a partir daí construindo seu sonho de fazer filmes. Esse sentimento, imersivo na sala de cinema, gera uma bolha reconfortante e gratificante, acolhendo o público e o conduzindo sem nenhuma pressa, a vivenciar essas primeiras experiências ao lado do protagonista.
Ao vivenciar o amor pela arte, entendemos também os conflitos de viver com ela. É inegável o valor artístico e o ser artista, que muitas vezes é pouco compreendido ou precisa lidar com seu lado que às vezes pode prezar mais pela arte do que com as pessoas ao seu redor. Spielberg toca nessa temática através da comédia primorosa que narra através da metalinguagem fílmica, fazendo o público rir em momentos inesperados, e a se emocionar ao perceber as entrelinhas de seus dilemas.

Apesar de todas as atuações no ponto, com destaque a Gabriel LaBelle por conduzir o protagonista e seus sentimentos de forma inesquecível, outro personagem merece um destaque extra: A mãe de Sammy, interpretada por Michelle Williams. A atriz consegue com proeza conduzir uma personagem que beira a loucura sem exageros. Seu olhar é capaz de transmitir sentimentos opostos simultaneamente, se destacando como uma luz que acaba até em alguns raros momentos, ofuscando seus colegas de cena.
“The Fabelmans” é um filme que se sente na pele que era algo que o criador precisava realizar, um feito mais que memorável que marca mais um acerto na brilhante e criativa carreira de Steven Spielberg. É um estopim catártico para os amantes da arte.




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