Crítica: The Chair - Primeira temporada

“The Chair”, série de comédia dramática da Netflix estrelada por Sandra Oh, tinha tudo para ser um belo quebra cabeça, mas que acaba sendo montado incorretamente e faltando peças fundamentais para a trama evoluir, e nos fazer importar com os personagens.

A narrativa segue Ji-Yoon (Sandra Oh) que acaba de assumir o cargo de diretora em um dos departamentos de uma renomada universidade, e agora, ela terá que lidar com as confusões acadêmicas que caem em seu colo enquanto lida com as problemáticas de sua vida pessoal.

Com a brilhante atuação da atriz, fica muito difícil não simpatizar com a protagonista em seus primeiros minutos de cena. O rosto já conhecido de séries como Grey´s Anatomy e Killing Eve encanta mais uma vez o público. As atuações de outros não deixam a desejar, mas a falta de acabamento no roteiro prejudica a construção deles, gerando falta de empatia.

Se denominando como uma sátira ao universo acadêmico, o roteiro foca tanto nas problemáticas da protagonista, que acaba esquecendo do universo que se propõe a transmitir, e do gênero proposto. Com isso, poucas sacadas desse universo satírico são bem feitas, e o roteiro, ao invés de melhorar, parece perceber o seu próprio erro e acaba por utilizar de comédia física para gerar algum riso ao público, mas acaba obviamente falhando.

O universo acadêmico, apesar de aparecer recorrentemente em todos os episódios, raramente possui foco nas problemáticas acadêmicas. Até mesmo a relação professor / estudante, que poderia gerar várias vertentes e obstáculos interessantes, é deixada de lado, colocando o papel do aluno como aquele que somente questiona a tudo.

A história foca a todo o instante na protagonista, e acaba deixando de lado uma série de personagens apresentados que, do pouco que foi visto, poderiam ter uma trama interessante se fosse bem trabalhada. Os únicos dois personagens que ganham destaque, mas mesmo assim pouco, são: O Professor Dobson (Jay Duplass), um renomado e querido professor da universidade, interesse romântico Ji-Yoon e que acaba tendo que lidar com as consequências ao fazer uma piada imprópria em sala; E a Professora Joan Hambling (Holland Taylor), que, ensinando na universidade por 32 anos, deve lidar agora com a possível aposentadoria forçada e os dilemas da nova geração que ela se recusa a entender.

“The Chair” acaba se tornando aquela série que se destaca somente pela atriz principal do programa, e não pelo seu conteúdo ou tema. É uma série leve, com apenas 6 episódios com média de 30 minutos cada, podendo ser maratonando em apenas um dia, se tiver a devida paciência de aguentar uma trama que aparenta rodar em círculos, mas que não se desenvolve.

Com uma premissa interessante e bom elenco, é uma pena ter sido tão mal trabalhada, entregando ao público um resultado final mediano.