top of page

Crítica- “Tick, Tick… BOOM!”: Um espetáculo visual emocionante

“Tick, Tick… BOOM!”, o mais novo filme da Netflix lançado no dia 12 de Novembro de 2021, é uma adaptação musical autobiográfica do dramaturgo Jonathan Larson, compositor e cantor que revolucionou e trouxe um novo estilo musical à Broadway. Dirigido por Lin-Manuel Miranda, conhecido por “Hamilton” e “In the Heights”, a adaptação desse musical escrito por Jonathan Larson é emocionante, muito bem feito e impactante, sendo uma homenagem mais que especial a este grande artista.

ree

Acompanhamos a história de Jonathan Larson (Andrew Garfield), um compositor teatral que está prestes a fazer 30 anos e busca ser reconhecido por seu trabalho. Entre produzir seu espetáculo a qual dedicou 8 anos de sua vida e enfrentar os dilemas pessoais da idade, Jonathan nos guia entre uma linearidade de dois tempos distintos: Uma, enquanto ele está produzindo seu espetáculo chamado “Superbia”, e outra, em que ele está nos palcos apresentando seu outro espetáculo intitulado “tick, tick ... BOOM!”, que dá origem ao título do filme.


Do começo ao fim, o filme aprofunda os dilemas enfrentados pelo protagonista de maneira humana, sensível e emocionante. A história consegue trazer uma boa linearidade, mesmo mesclando em dois tempos diferentes e fluindo entre eles sem qualquer aviso de mudança. O telespectador tem uma espécie de autorização do protagonista, que nos guia nessa jornada de sentimentos que ele transmite de forma bela e artística, dando uma ideia de estarmos sendo inseridos em suas indecisões e dilemas, e não invadindo ou olhando com uma certa distância.

ree

Andrew Garfield como Jonathan Larson


Diferente de suas outras produções, aqui, Lin-Manuel Miranda foca na direção, deixando de lado a trilha e atuação (aparecendo apenas em uma pequena cena e rapidamente, a mesma ainda tendo referência a seu espetáculo “Hamilton”). Se afastando um pouco de sua marca original, evidenciada pela sua cultura regional e rimas bem feitas, ele demonstra uma capacidade madura e completa de sair de sua bolha, e mesmo assim contar uma história que pareça familiar e humana.


A mesclagem do teatro com o cinema é bem feita, original e um espetáculo visual. A estética performática é inserida a todo o instante, desde a sonorização do “Tick” presente a todo o instante, que não só demarca o tempo que está passando na vida do personagem, como na duração do filme.


Sem perder os traços marcados pela Broadway, os atores conseguem fundir com facilidade os momentos em que a atuação teatral é mais evidenciada, juntos com uma atuação mais singela conhecida no audiovisual. Com diversas atuações bem feitas, os atores conseguem adentrar ao universo artístico lindamente, e Andrew Garfield como protagonista está brilhante, sendo uma das suas melhores performances, com certeza podemos acabar vendo o ator em possíveis listas de premiações.


Outros personagem como Susan (Alexandra Shipp), Karessa (Vanessa Hudgens) e Michael (Robin de Jesús) complementam a narrativa do protagonista, mas sem parecer apenas um apoio do mesmo, tendo seus pequenos momentos de destaque.


Sendo uma adaptação de um musical, as músicas originais de Jonathan Larson são um encanto artístico, sendo difícil escolher uma favorita dentre tantas que se destacam pela sua carga sentimental. O autor consegue transmitir dos mais variados sentimentos em suas letras e melodias, se fundindo a narrativa da obra sem parecer ser apenas um adicional musical. O sentimento artístico pulsa e vibra em cada nota, sendo repassado pela audiência da melhor maneira através do protagonista.

ree

Trazendo temáticas importantes, desde a crise e enfrentamentos que passamos ao longo da vida, como a crise e morte de inúmeros ao HIV, a história consegue nos colocar nos anos 90 com facilidade. O roteiro de Steven Levenson cria de forma sensível, uma homenagem às obras de Jonathan Larson, mas sem deixar de construir a própria narrativa para entendermos este universo criado na Broadway.


Seja se você ama musicais ou não, o filme consegue trazer a todos este universo artístico e humano de forma emocionante. Os dilemas apresentados são comuns, humanos, conseguindo criar conexões diretas ao público, mesmo que não sejam da mesma temática.


“Tick, Tick… BOOM!” é uma carta de amor, que nos faz lembrar do lado artístico e humano que muitas vezes deixamos de lado na correria do cotidiano. É um lembrete do cinema como uma sétima arte, além de ser uma homenagem bem produzida de um grande artista.


 
 
 

Matinê Baiana

Receba nossa Newsletter semanal!

Obrigada!

©2021 by Matinê Baiana. Proudly created with Wix.com

bottom of page