Crítica - “Órfã 2: A origem”
- Clara Ballena
- Sep 28, 2022
- 2 min read
É bem difícil alcançar um sucesso, ainda mais de 13 anos atrás. “Orfã 2: A origem” até finge tentar alcançar algo próximo de sua trama original lançada em 2009, mas sem sucesso, acaba entregando um material extremamente frágil.

Lançado nos cinemas no dia 15 de Setembro de 2022, o longa acompanha novamente a história de Leena (Isabelle Fuhrman), uma mulher adulta com aparência infantil, que após os acontecimentos do último filme, é internada em um hospital psiquiátrico. Após conseguir fugir de sua prisão, Leena decide se passar por Esther, criança desaparecida há 4 anos de uma família rica nos Estados Unidos.
A começar pelo título, que ao invés de repassar uma informação essencial para a trama, engana a audiência de modo ostensivo, levando o público a já adentrar o filme com uma perspectiva diferente da qual os realizadores se propuseram a trazer.
O longa, que parece tentar fugir de uma construção clássica de narrativa, se perde em seu próprio desenho e consequentemente, não consegue delimitar onde começa e termina cada ato, se estendendo em momentos desnecessários e encurtando peças chaves para construção de um bom clímax. O resultado disso é claro: Uma narrativa sem começo nem fim delimitados, que não consegue guiar o público para as emoções necessárias que a trama precisa entregar.

Isabelle Fuhrman como Leena / Esther
O esforço de enganar a audiência é bem perceptível: Denominam logo de cara que nossa protagonista é perigosa em diálogos altamente expositivos, e acendem como uma espécie de alarme sua iminente ameaça… Que nunca chega a acontecer. O que chocava e aterrorizava em Leena / Esther era altamente carregado pelo sua idade, revelada somente no final do primeiro filme. Sem esse elemento surpresa, o choque se esvazia, ainda mais com o roteiro preguiçoso de David Coggeshall.
Resta então para os realizadores criar um novo plot-twist, esse até surpreendente, mas tão corrido e anunciado em um momento tão fora da curva dramática, que ele rapidamente perde seu potencial.
A direção de William Brent Bell tenta a todo o instante fazer a audiência acreditar que Leena / Esther aparenta ser uma criança, fazendo os atores adultos utilizarem tamancos altos e uma dublê mirim contracenando de costas com eles. Quando se é percebido essa ação, que é colocada a todo o instante através dos planos da direção, o que era para ajudar a história a se tornar verossímil, se destaca muito mais como uma ruptura do imaginário, se tornando acidentalmente, mais uma camada para a audiência desacreditar da narrativa, e das suas incoerentes tramas que não agregam em nada.

Isabelle Fuhrman consegue retomar os traços que deram fama a sua protagonista anos atrás. Apesar de seu talento, seu crescimento é perceptível, e sem o orçamento para rejuvenescer a atriz, sua aparência se torna um elemento que fingimos não perceber, mas que acaba ajudando na descrença da narrativa.
“Orfã 2: A origem” consegue entregar momentos de entretenimento e relembra aos fãs do primeiro longa as proezas que tornaram a personagem tão conhecida. Mas o pouco esforço de criar algo novo, original e impactante são marcados de forma tão explícita a cada linha narrativa, que se torna difícil sair do cinema sem o sentimento de ter assistido algo mediano.



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