"Doom Patrol": Primeira Temporada
- Helena Vilaboim

- Aug 16, 2021
- 3 min read
Updated: Aug 17, 2021

“Doom Patrol” é uma série baseada num grupo de super-heróis de mesmo nome criada pela DC Comics originalmente durante a década de 60. A série está ainda em produção, e a 3ª temporada já foi anunciada para lançar em Setembro de 2021. A primeira temporada, lançada em 2019, conta com 15 episódios de 1h de duração cada e está disponível na plataforma da HBO Max.
A narrativa da primeira temporada segue o grupo de super seres bem diferentes dos típicos super-heróis que povoam o mesmo universo: eles são pessoas psicologicamente e fisicamente danificadas, com falhas de caráter e personalidades longe de serem heroicas. Quando o mentor dessas pessoas é sequestrado, eles tem que achar um jeito de trabalhar juntos para conseguir achá-lo e restaurar a ordem na casa (literalmente).
“Doom Patrol” passa longe de séries com a premissa parecida, e é uma mistura de comédia situacional absurda e um drama emocional pesado, com problemas psicológicos realistas e com isso cria um produto original e interessante de acompanhar. Em termos de dinâmica entre personagens, os desafios individuais e a falta de confiança entre o grupo traz mais tensão entre eles, que no início parecem forçados a trabalhar juntos em prol de um objetivo em comum, mas que aprendem a confiar uns nos outros.
A temporada mistura a estrutura procedural, que segue uma só linha de história, no caso o desaparecimento do Niles Caulder (Timothy Dalton); com a estrutura episódica, que insere histórias interessantes resolvidas mais rapidamente, e introduzem personagens que aparecem só de vez em quando, e que são o cúmulo do absurdo, e também fontes de gargalhadas.
Um Exemplo? Aqui:

O grupo original é composto por Larry Trainor (Matt Bomer e Matthew Zuk ), Rita Farr (April Bowlby), Crazy Jane (Diane Guerrero), Cliff Steele (Brendan Fraser e Riley Shanahan) e Cyborg/ Victor Stone (Joivan Wade). Cada um deles tem um drama que é relacionado á origem de seus poderes: Larry é hospedeiro para um ser de eletricidade com quem divide o corpo, Rita tem a habilidade de mudar a forma de seu corpo de acordo com seu estado emocional, Jane tem 64 personalidades vivendo em sua cabeça e cada uma tem seu próprio super poder, Cliff é meramente um cérebro de um piloto de carros famoso num corpo robótico, e Victor é parte máquina que constantemente pede por mais espaço, erradicando a parte humana.

Com licença para usar xingamentos, conteúdo sexual e violência, “Doom Patrol” constrói cenas bem feitas, e diálogos que cortam fundo durante brigas e discussões entre os personagens, que relutantes - uns mais que outros - vão revelando a sua backstory com o desenvolvimento dos episódios.
Uma das coisas que chama a atenção no roteiro e estrutura da série é sua imprevisibilidade. Os roteiristas parecem livres para desenvolver alguns plots menores do jeito que quiserem, e essa impressão se mostra em elementos que causam estranhamento e também maravilhamento.

Outra pérola é seu vilão da temporada, conhecido por Mr. Nobody (Alan Tudik). Ele é maravilhosamente dramático e seu plot de vingança é cliché e pouco explicado, apesar de a audiência ficar sabendo como ele ganhou os poderes e porque guarda rancor para com Niles. O que diferencia Mr. Nobody dos outros vilões de séries do mesmo gênero é a sua consciência de que todos estão num programa de televisão e por isso, tem a capacidade de controlar o que acontece ao redor e manipular os mocinhos. As cenas em os dois lados se encontram sempre são um divertimento a mais.
Além da carga pesada de non-sense, “Doom Patrol” trata de temas fortes e importantes para a temática da história, como críticas sociais em relação á minorias - Em especial a comunidade LGBT+ - e o descaso para com a vida humana em algumas situações. O roteiro da série nunca falha em dar o peso necessário á esses assuntos, e é algo que também encanta quem assiste.

“Doom Patrol” é uma série necessária para quem está se interessando pelo universo televisivo da DC comics, e é uma tentativa genuína de conservar a essência dos quadrinhos nas telas. É um produto maravilhosamente esquisito, mas que te cativa por isso, e pelo manejo consistente dos personagens e temas.
P.S.: Protejam Danny.



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