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"Eu Sou Todas as Meninas": O impacto de um erro de iniciante

Eu Sou Todas as Meninas” (I Am All Girls) é um filme Sul-Africano dirigido por Donovan Marsh. O longa estreou em Maio de 2021, e conta com 1 hora e 47 minutos de duração. A narrativa segue uma história real no país, relacionado ao tráfico humano.

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A protagonista do filme é Jodie Snyman (Erica Wessels), uma investigadora do departamento de polícia da África do Sul ficado em tráfico humano. Quando suspeitos começam a ser assassinados, Jodie e a equipe segue na cola da assassina que os leva direto para o centro da operação, permitindo que ela seja destruída.


Tráfico humano, e ainda por cima de crianças já é um assunto complexo para ser abordado numa narrativa cinematográfica, e infelizmente o que normalmente acontece é que o tema não é tratado com a respondabilidade necessária, e por isso fica parecendo um tipo de crime fácil de se resolver. E foi exatamente o que aconteceu com “Eu Sou Todas as Meninas”.

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O roteiro, construido em conjunto por quatro homens brancos: Jarrod de Jong, Wayne Fitzjohn, Marcell Greeff e Emille Leuvennink, é simplista ao ponto de não oferecer um contexto para aquele caso, e não apresentar riscos para os protagonistas. Há ameaças que não são cumpridas, e o roteiro é extremamente conveniente, facilitando o trabalho da investigação quase nula. Além disso tudo, o roteiro comete um erro que é muito grave: Ele não sabe quem é a verdadeira protagonista, forçando um ponto de vista que não funciona naquela narrativa.

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Hlubi Mboia como "Ntombi"

O erro dos roteiristas acabou por transformar um filme que seria interessantíssimo de se assistir numa narrativa fraca e frustrante. O pior é que como a narrativa também se vale de coincidências e conveniências para mover a história para frente, a protagonista, Jodie, é facilmente encarada como incompetente em seu trabalho de investigadora. Isso somado ao fato de Jodie ser uma das únicas personagens brancas do filme, confirma o fato de que a narrativa pode ter muito bem ter sido construída ao redor dessa personagem por simples preconceito.


É possível argumentar que por essa narrativa ter sido baseada em fatos reais, os criadores do filme não tinham pra onde correr se a Jodie Snyman realmente tivesse existido, mas era muito possível contar a história de um ponto de vista que promovesse mais engajamento, tendo como protagonista a personagem Ntombi (Hlubi Mboia).


Pelo ponto de vista de direção, Donovan Marsh é eficiente, ele controla bem os sets abertos, e direciona bem seus atores, colhendo performances decentes, mas nada digno de premiações.


Em conclusão, “Eu Sou Todas as Meninas” falha em contar uma história emocionante como esse tipo de narrativa normalmente pede, com erros estruturais no roteiro e performances meio mornas, se juntando ao grupo de filmes que tentaram abordar um tema importante, mas que não vão passar muito tempo na cabeça dos espectadores, sendo provavelmente descartado quando os créditos começarem a rolar.



 
 
 

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Matinê Baiana

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