“Gato de Botas 2: O Último Pedido”
- Clara Ballena
- Dec 15, 2022
- 3 min read
Após 11 anos desde o lançamento de seu primeiro filme, “Gato de Botas 2: O Último Pedido” retorna com seu protagonista (apresentado primeiramente como um personagem coadjuvante no filme "Shrek") em uma mirabolante jornada recheada de cores que mesclam elementos da animação 2D e 3D.

Nessa nova jornada, agora se passando no presente, o Gato de Botas (dublado originalmente por Antonio Banderas e no Brasil por Alexandre Moreno) se vê obrigado a se aposentar após descobrir que já gastou todas as suas 9 vidas (No Brasil, é uma referência ao ditado que gatos possuem 7 vidas). Após a descoberta de uma mística estrela capaz de conceder desejos, o Gato de Botas irá partir em uma aventura em busca de restaurar suas vidas, juntamente com o amigável e ingênuo cão Perrito (Harvey Guillén / Marcos Veras) e sua ex-companheira de crime, Kitty Pata Mansa (Salma Hayek / Miriam Ficher).
Relembrando não só classicos da própria produtora, como também de outros contos fantasiosos, o filme é uma lembrança ao velhos contos de fadas, batendo em alguns momentos no quesito nostálgico, mas construindo em paralelo uma originalidade orgânica e cativante. Prendendo o telespectador do começo ao fim, as transições entre cenas são produzidas de modo tão linear e empolgante, que logo de início temos uma abertura bem elaborada, que nunca se perde ou diminui sua potência. Frenético do começo ao fim, a uma clareza na sua construção narrativa que consegue cativar tanto o público infantil quanto adulto.

A produção da animação é inquietante, vibrante e gratificante. Misturando o 3D rotineiro com um estilo claro ao filme "Homem aranha no aranhaverso”, As linhas e tracejados dos personagens e da ambientação se misturam lindamente, formando uma camada cartunesca em um processo tecnológico de animação.
O protagonista, que desde sua primeira introdução conquistou o grande público, abre neste filme novas camadas em sua personalidade, sendo realçada por retoques humanos em seu caráter felino que acentuam um charme cativante ao personagem. A sua luta, apesar de imagética, é simples e compreensiva, sendo capaz de gerar uma forte empatia com o público, até mesmo com aqueles que nunca souberam da existência do personagem.
Com um protagonista tão cativante, e já conhecido ao público, se torna questionador o fato de haver tantos personagens que preenchem as cenas ao longo do filme exageradamente. Em paralelo a trama do protagonista, somos apresentados a um vilão adicional meia boca (E ainda ocorre um péssimo aproveitamento do real e assustador vilão) e uma trupe comandada por Cachinhos Dourados e sua família urso. Estes personagens, que parecem mais preencher tempo de tela do que construir algo, até garantem as clássicas mensagens passadas pela moral da história, mas retiram o tempo do trio protagonista e não conseguem cativar, ou ter fôlego narrativo, para crescer ao longo do filme.
Recheado de referências, o filme até mesmo busca relacionar elementos fora de seu universo, adicionando até concorrentes nessa leva. De Cinderela a Harry Potter, as artimanhas para inserir esses elementos no seu universo são cativantes, rendendo boas surpresas ao longo da trama.
“Gato de Botas 2: O Último Pedido” é um filme imperdível para toda a família. Carregado com a energia clássica do estúdio de animação Dreamworks, o longa se torna imperdível tanto pelo seu carisma, como pelo seu estilo animado que se transforma aos olhos do público. Em uma trama leve, carregada de simbolismos e um trio de personagens cativantes (que deveriam ter mais tempo de tela), “Gato de Botas 2” finaliza sua narrativa abrindo portas para a retomada de um universo “tão tão distante” que tanto amamos.




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