"Indiana Jones e a Relíquia do Destino": Bem vindo de volta, Indy!
- Helena Vilaboim
- Jul 1, 2023
- 3 min read
Depois de um hiato de 15 anos desde a última parcela da franquia, "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" (Indiana Jones and The Dial of Destiny) traz de volta todo o sentimento de aventura e perigo que franquia construiu através de décadas, mas se adaptando à uma estrutura menos datada. O produto final é uma homenagem que, ironicamente, não parece merecer estar num museu.

Na narrativa do 5º filme, encontramos Indiana Jones em 1969, em vias de se aposentar como professor de Arqueologia de uma universidade em Nova York, quando sua afilhada, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), o procura atrás de um artefato que pode mudar o curso da história, um hesitante Indiana Jones embarca numa jornada para limpar seu nome.
Embora o filme não tenha o característico toque de Spielberg na direção, que fica a cargo de James Mangold (Ford v Ferrari), fãs da trilogia original vão se divertir achando referências à trilogia original durante o filme. "Indiana Jones 5 " consegue alcançar o ponto exato de um filme de aventura nos moldes modernos sem perder a essência da franquia original e sem descontruir o personagem. No geral, é uma ótima adição à franquia.
Aos exatos 80 anos de idade, Harrison Ford ainda ousa como Indy, e as cenas de ação em que o personagem aparece ainda são interessantes, mas claramente assistidas por efeitos especiais e artifícios em que ele não precise correr ou se esforçar muito. Apesar disso, o personagem ainda apresenta o mesmo carisma, o mesmo coração, embora num mundo que passa a evoluir rápido demais.

Representando, de certo modo, o outro lado da moeda mesma moeda, Helena Shaw chega com uma energia nova, mas bastante inspirada pelo personagem do Indiana mais novo. Ela é corajosa, inteligente, engenhosa e extremante obstinada, se apresentando primeiro como um obstáculo, e depois como um reflexo do próprio Indy, com o qual ele tem que lidar e eventualmente, aprender.
Com a apresentação da personagem e o boato de aposentadoria de Harrison Ford do personagem, é fácil pular para conclusões de que Helena vai ser a próxima protagonista continuando a franquia, mas "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" é hábil em não tirar o holofote de nosso protagonista em nenhuma situação, equilibrando a dinâmica dos dois muito bem, ao mesmo tempo que nos oferece uma personagem que supra a maior carga das cenas de ação.
No lado dos antagonistas, os produtores decidiram apostar na nostalgia e oDoutor Voller (Mads Mikkelsen) e Klaber (Boyd Holbrook) são a nova leva de nazistas que estão caçando o mesmo artefato que Helena. Insatisfeitos com o resultado da segunda guerra, o objetivo é alcançar um jeito de "consertar tudo".

"Indiana Jones e a Relíquia do Destino" é um longa que não para quieto por muito tempo, seja por viagens por dois continentes, ou por sequências caóticas de perseguições, sejam á pé ou motorizadas. O filme consegue lidar muito bem com esse caos construído, tirando vários momentos importantes desse ambiente.
Outro elemento que funciona bem é o início do filme, ainda se passando nos anos 40. O início serve tanto como contexto para a aventura que vai ser apresentada no filme quanto um pequeno brinde nostálgico onde vemos um Indiana Jones mais jovem, construído completamente de CGI.

Embora a tecnologia ainda não esteja 100%, e algumas vezes é possível perceber falhas no efeito especial, é uma sensação maravilhosa ter conteúdo novo do personagem com a mesma aparência que nos filmes originais. É uma âncora visual muito bem utilizada, mas ainda é bom que não foi usada demais.
Infelizmente, o roteiro se perde um pouco no 3º ato, que acaba pendendo um tanto para o sobrenatural, seguindo a onda do 4º filme, onde foram apresentados alienígenas. A progressão pareceu artificial, um seguimento que poderia ter dado muito certo se os roteiristas tivessem escolhido seguir por uma narrativa mais emotiva e intimista.
Em conclusão, "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" é um bom filme da franquia, que segue bem na linha de seus antecessores, e trazendo uma dose perfeita de nostalgia e diversão aos cinemas. O filme conta com 2 horas e meia de duração e está disponível desde o dia 29 em todos os cinemas brasileiros.
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