"Noite Passada em Soho": Nostalgia em Estilo de Pesadelo
- Helena Vilaboim

- Nov 17, 2021
- 3 min read
“Noite passada em Soho” (Last Night in Soho) é um filme de Edgar Wright que estreia nos cinemas brasileiros no dia 18 de Novembro de 2021. Ele conta com 1 hora e 57 minutos de duração. É um longa de drama, mistério e crime, que também “brinca” com aspectos históricos.

A narrativa, por Edgar Wright e Krysty Wilson-Cairns, segue a jovem Eloise Turner (Thomasin McKenzie), uma entusiasta de moda dos anos 60 que sonha em ser estilista. Quando ela se muda pra Londres para começar seus estudos, Eloise começa a ter visões de Sandie (Anya Taylor Joy), uma aspirante a cantora no final da década de 60. Quanto mais fundo na vida de Sandie ela vai, Eloise descobre um segredo assustador que começa a controlar sua vida.
Definir a história ao redor dos anos 60 foi uma jogada de mestre, que Wright explora bem em termos de estética e música. O primeiro ato do filme situa a audiência no positivo da época, nas possibilidades e no glamour, que conduzido por Sandie e Jack (Matt Smith), encantam o espectador e nos faz sentir que tudo vai dar certo.

Mas então a realidade encontra a fantasia e Eloise, ou “Ellie”, descobre que a vida de Sandie não era um conto de fadas de ascensão social. Quando a verdadeira face dos anos 60 se mostra, Ellie se descobre enrolada entre passado e presente, ambos a influenciando da mesma forma.
A impressão que tive enquanto assistia ao filme é que embora a direção esteja perfeita, com um ritmo maravilhosamente “dançante”, e as performances muito provavelmente dignas das premiações internacionais, o Edgar Wright acabou se empolgando demais com a estética do filme, e os gêneros propostos se misturam em algumas partes da narrativa. Para pessoas que como eu, preferem uma história mais “preto no branco”, isso pode causar certo atrito.
A reviravolta ao final do longa também é levemente frustrante, e eu senti que não houve um preparativo para tal chegar a ser chocante, uma coisa que em thrillers é sempre uma boa recompensa para os espectadores que desejam tentar desvendar o mistério junto com os personagens. Infelizmente, tudo o que a revelação me causou foi “Ah, então essa é a verdade.”
Outra coisa que me chamou atenção de duas formas, uma positiva e outra negativa, é que por vezes parecia que os eventos do filme aconteciam por coincidência, talvez retirando um pouco o aspecto de “protagonista ativo” de Ellie. O que eu quero dizer é que a protagonista as vezes parecia muito refém de seu dom. De mesmo modo, isso foi um aspecto positivo na performance de Thomasin McKenzie. Conhecida por seu papel em “Jojo Rabbit”, 2019 e “Tempo”, 2021, ela aqui entregou uma performance extremamente marcante, e expressiva.
Sandie, interpretada pela fantástica Anya Taylor Joy, representa inicialmente o ideal de Ellie, um modelo a ser seguido. Sua performance é maravilhosa como sempre, e dessa vez nos oferecendo uma faceta que talvez muitos não conheciam: sua habilidade como cantora.

Matt Smith, interpretando Jack, é uma presença talvez ambígua na tela, mas que não deixa de ser carismático e cheio de charme, uma faceta que ele talvez não tivesse tido a oportunidade de explorar em outros papeis mais sérios ou mais bobos.
Em conclusão, “Noite Passada em Soho” é um espetáculo de boa direção e performances maravilhosas. Ele apresenta uma alternativa mais dark á narrativas fincadas em tempos de revolução e o “amor livre” que tanto marcaram a época que ganha o foco nessa narrativa. Com certeza vale a pena assistir.



Comments