"O Mundo em Caos": Um Filme Frankenstein

“O Mundo em Caos” (Chaos Walking) é um filme que saiu em 2021, mas começou sua pré-produção em 2011. Com dez anos de hiato, e extensivas regravações, o filme finalmente chegou para a audiência.

Daisy Riddley e Tom Holland como "Viola" e "Todd""

A história acontece num futuro distópico, em que humanos deixaram a terra e colonizaram um novo planeta, chamado “New World”, e em que homens tem seus pensamentos projetados fora de suas cabeças. A narrativa segue Todd (Tom Holland), o último garoto nascido na vila. Quando uma nave espacial cai no planeta, Todd conhece Viola (Daisy Ridley), e os dois embarcam numa aventura para poder contatar a nave mãe.

Com a premissa já cheia de promessas a cumprir, parece que “O Mundo em Caos” tem em mãos todas as melhores ideias (mesmo que clichés) de histórias do gênero Ficção Científica. Infelizmente, é só isso. O produto final é um monstro de Frankenstein que apresenta conceitos interessantes e formando as situações perfeitas para construir tensão e apresentar obstáculos aos protagonistas, mas os desfechos dessas situações é insatisfatório e até irrita o espectador pela oportunidade mal aproveitada.

Mads Mikkelsen em "O Mundo em Caos"

A melhor coisa do filme é o elenco. Atores de peso constituem o core coadjuvante, como Mads Mikkelsen como o prefeito da vila de Todd, David Oyelowo como o padre, e muitos outros. Vendo o produto final fica a pergunta do porque essas personalidades atrelariam seus nomes a um projeto desleixado como “O Mundo em Caos” foi.

David Oyelowo em "O Mundo em Caos"

O roteiro é o maior problema do filme. Atribuído a Patrick Ness e Christopher D. Ford as sequências são rasas, os personagens estão focados demais na missão que tomam pra si para apresentar mais de uma faceta de suas personalidades, não há contexto para os acontecimentos e conexões entre os personagens. Tudo acontece muito rapidamente, e sem muita dificuldade.

A ineficiência do roteiro chega como uma surpresa, pois o filme é baseado numa trilogia de livros escrita pelo próprio Patrick Ness, e normalmente quando o produtor do produto original está envolvido, a produção tem alguma unidade narrativa, o que não foi o caso. Talvez tenha sido aquela velha história de tentar condensar três livros num filme só, como foi o caso de “O orfanato da Miss Peregrine para Crianças Peculiares” (2016), e “Desventuras em Série” (2004).

Junto com as performances, a direção de Doug Liman tenta salvar o que o projeto deveria ser, caso não houvesse tanta confusão envolvida na produção do longa. Há sequências boas de ação e perseguição, e cenas criativas usando o “Ruído” (como é chamado os pensamentos projetados dos homens). Mas infelizmente esse fato só faz os espectadores se frustrarem ainda mais, por esperarem algo bom da narrativa, que não entrega.

“O Mundo em Caos” é um exemplo frustrante de uma narrativa que tinha potencial mas as circunstâncias misteriosas durante o período de produção fizeram o produto final ser realmente uma grande confusão. É uma pena.