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"O Quarto ao Lado": Almodóvar perdido na tradução

O cineasta espanhol Pedro Almodóvar conquistou gerações de cinéfilos pela estética vibrante de seus filmes, histórias sensíveis fincadas na realdade - ainda que aumentada-, e presença feminina inesquecível.

Duas mulheres conversando em um sofá
Julianne Moore e Tilda Swinton em "O Quarto ao Lado / Foto: The Movie Database

Sejam filmes de comédia, de drama como "Volver" ou até trillers como o renomdo "A Pele em Que Habito", Almodóvar já fez de tudo. Porém, com a adição de "O Quarto Ao Lado" (La Habitación de ao Lado) à sua cinematografia, a reputação do cineasta de só produzir filmes marcantes fica prejudicada.


"O Quarto ao Lado" é a primeira produção do cineasta completamente em inglês, e o produto final sofre com isso. Ao transportar a história para Nova York, muito da naturalidade "fantasiosa" dos longas prévios de Almodóvar fica para trás, simplesmente porque o roteiro não domina a língua em que as personagens se comunicam.


Duas mulheres olham pela janela
Julianne Moore e Tilda Swinton em "O Quarto ao Lado / Foto: The Movie Database

A narrativa segue Ingrid (Julianne Moore), uma escritora de sucesso que ao retornar à Nova York para o lançamento de um livro, descobre que uma antiga amiga, Martha (Tilda Swinton) está com câncer terminal. Ela então é recrutada para ajudá-la a cometer eutanásia assistida, um crime nos Estados Unidos. No vai e vém da narrativa, as duas se reconectam e Ingrid tem que lidar com seu medo da mortalidade.


Com um elenco de peso, e uma boa ideia, "Um Quarto ao Lado" poderia ter sido mais um filme emblemático de Almodóvar, mas é cheio de diálogo expositivos e linguagem artificial, que por vezes tiram aqueles que assistiam o filme com o áudio original e falem inglês da narrativa.


Para os amantes da estética do diretor, o filme provavlemente também não vai agradar muito. "O Quarto ao Lado" conserva presença dos vermelhos, verdes e amarelos que se tornaram assinatura do cineasta, mas aqui são engolidos pelo cinza de Nova York por boa parte do filme.

mulher ruiva sorri
Julianne Moore em "O Quarto ao lado" / Foto: The Movie Database

A sensação é que Almodóvar não tinha certeza de que a audiência, certamente diferente trazida pela mudança de linguagem, pudesse lidar com a intensidade original tão presente em seus filmes.


O sentimento se extende às atrizes principais, que se atém muito ao texto original, sem parecer querer improvisar muito e deixar as falas mais naturais.

Concluindo, "O Quarto ao Lado" está longe de ser um daqueles filmes de Almodóvar que registirão ao tempo, principalmente quando comparados à outros de seus trabalhos com mais alma. E embora não seja passívo de falhas, talvez esse seja uma daquelas instâncias em que a versão dublada pode ser melhor que a original.


No entando, tem seus méritos, ao tratar de temas importantes no mundo atual, como o impacto do câncer em vidas de amigos e familiares do paciente, e, de um certo modo, a trazida do tema de eutanásia assistida à mesa de debates.


Ficha Técnica de "O Quarto ao Lado":

Direção: Pedro Almodóvar;

Roteiro: Pedro Almodóvar;

Elenco: Julianne Moore, Tilda Swinton, Alvise Rigo, Alessandro Nìvola;

Duração: 1 hora e 47 minutos;

Plataforma: Cinemas.

 
 
 

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Matinê Baiana

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