"O Símbolo Perdido": Mais não é Necessariamente Melhor
- Helena Vilaboim

- Jun 10, 2022
- 3 min read
Quem disse que aprender história era chato? Essas pessoas certamente nunca acompanharam as aventuras do conhecido professor Robert Langdon. O personagem foi criado na série de livros do escritor Dan Brown que incluem "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demônios" e que já foram adaptados para 3 produtos audiovisuais.
Criado pela produtora americana CBS, "O Símbolo Perdido" (The Lost Symbol) é uma série lançada em 2021 que explora a narrativa do livro de mesmo nome. A série está disponível na Globo Play e a primeira temporada contém 10 episódios, com mais ou menos 45 minutos de duração. A série acabou sendo cancelada após uma única temporada pelo estúdio Peacock, responsável pela produção.

A história da série segue o professor universitário e simbologista Robert Langdon (Ashley Zukerman) que se vê envolto por um mistério centenário quando seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), é sequestrado. Na jornada para proteger o segredo maçom e conseguir resgatar Peter, Langdon se junta a filha de Peter, Katherine (Valorie Curry), o policial Alfonso Nuñes (Rick Gonzales) e a agente da CIA Sato (Sumalee Montano).
Para quem gostou dos filmes estrelando Tom Hanks no papel de Robert Landgon e espera algo parecido, é provável que "O Símbolo Perdido" não traga a mesma sensação. Parte disso se dá por causa da diferença de formato e estrutura entre filmes e séries.
A sensação aqui é que a ficção caberia perfeitamente em um filme de duas horas, e a narrativa alongada acaba por diluir o senso de urgência que tanto os filmes quanto os livros trazem, e que é tão particular e tão essencial à essa franquia. É possível também apontar o roteiro excessivamente explanatório e pouco aprofundado como uma causa da queda na qualidade na história.
Se por um lado a audiência é apresentada à um mistério que remonta a fundação dos Estados Unidos, por outro falta a contextualização de forma natural de muitos conceitos apresentados, e mais que isso, cenas em que a moralidade de certas coisas é discutida entre os personagens.
Quem leu os livros sabe que o tema da moralidade de manter um grande segredo a qualquer custo sempre é apresentado de forma bastante pesada e por diálogos bem pensados. Isso não acontece aqui. No entanto, a série ganha pontos pelos cenários bem feitos e que trazem uma sensação de caça ao tesouro.
Apesar disso, é interessante notar que a estreia de Ashley Zukerman como um Langdon mais jovem e inexperiente é certamente uma surpresa boa. Sua performance é a que mais chama a atenção de um jeito positivo, numa mistura entre um acadêmico que não acredita no que está acontecendo e o interior quase infantil já preparado para a aventura.

Ao seu lado, a performance de Valory Curry é razoável. A atriz transita entre uma atuação realista e minimalista e cenas em que são expressivas demais. Quem chama atenção para esse estilo de performance também é Eddie Izzard, que não se encaixa bem em momentos mais calmos, sempre dando muito a mais do que a cena pede.
Concluindo, "O Símbolo Perdido" deixa muito a desejar, e é um exemplo de que certas narrativas funcionam melhor em estruturas diferentes. Além disso, é importante apontar que com um elenco e produção no nível dessa série, com uma equipe de roteiro melhor e mais focada na essência da franquia literária, a série poderia ter durado mais.



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