"O Último Duelo": Uma Oportunidade Ignorada

“O Último Duelo” (The Last Duel) é um filme que estreia nos cinemas no dia 15 de Outubro de 2021. O longa foi dirigido por Ridley Scott, e conta com 2 horas e 10 minutos de duração. É um drama de ação histórico baseado em fatos reais.

Jodie Comer como "Margarite De Carrouge"

A narrativa do filme conta a história de Margurite De Carrouge, uma mulher da nobreza de uma cidade na França em no séc 14 numa época muito exata de sua vida. A história é contada de três perspectivas diferentes, de três personagens intrinsecamente ligados á trama. O filme mira para ser uma narrativa feminista, mas a execução da obra deixa muito a desejar nesse aspecto, e acaba deixando uma pulga atrás da orelha sobre se a intenção foi realmente essa, ou é apenas uma desculpa para tentar chamar a maior atenção possível.

O filme parece ter sido saído do nada, de uma necessidade de preencher a lacuna que há para filmes medievais, e isso se percebe talvez na pouca quantidade de propaganda sobre ele nas redes sociais e nos cinemas.

A direção de Ridley Scott é boa. Como era de se esperar pelo trabalho prévio do diretor. As cenas de ação são sanguinárias e brutais, e há um esforço para trazer o espectador para dentro de certas cenas com um intimismo que é eficiente, principalmente em certas cenas que exploram o tema central do longa. Infelizmente, o problema do roteiro não é facilmente deixado de lado por uma direção que chega onde quer chegar.

O roteiro foi dividido em três partes, e atribuído á três roteiristas, que são: Ben Affleck, Matt Demon e Nicole Holofcener. A junção do roteiro é uma ideia interessante, mas que realmente parece não ter sido pensado na melhor maneira de fazer justiça á história de Marguerite De Carrouge. As perspectivas mostradas são de duas personagens que lhe fizeram mais mal do que bem, sendo a sua história, a verdade sobre o que aconteceu, deixada por último.

Os protagonistas das três narrativas no filme

Depois de tanto tempo passado com esses personagens, me pergunto se a ideia foi fazer a plateia simpatizar com esses homens, ou simplesmente desviar o foco de um drama real para uma história que poderia ser um filme de gladiador, em que o foco é a violência bruta. O fato é que a narrativa em si deveria ser pequena para um filme histórico e decidiram esticar um pouco mais.

Fora o problema óbvio e ligeiramente insultador, a parte técnica do filme é muito bem executada. As performances estão cativantes, chamando a atenção para Jodie Comer fazendo o papel de Marguerite De Carrouge. Seu trabalho no filme está maravilhoso, e é impossível tirar os olhos dela, mesmo nas cenas mais desagradáveis.

Ben Affleck, Matt Demon e Adam Driver fazem os papeis de Conde Pierre, Jean De Carrouge e Jacques Le Gris respectivamente. Esses dois últimos tem quase 40 minutos cada para “explicar” sua situação e envolvimento na trama, que é servem para situar quem assiste nos tempos medievais e dos problemas e desafios enfrentados por esses homens.

Em conclusão, "O Último Duelo" é um filme é bem sem graça, com seu trunfo sendo deixado de lado em prol de uma tentativa de fazer um filme que apelasse á audiência masculina, e á feminina, que provavelmente sairá do cinema bem insatisfeita e impactada pelo descaso. Teria sido melhor fazer um simples filme sobre as cruzadas como centenas de outros e deixar a história dessa mulher para quem tinha o tato necessário para tratá-la com respeito que merece.