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"Persepolis": Compartilhando o Contexto

Filmes muitas vezes carregam um significado político forte, ainda mais quando é uma narrativa biográfica. Transformada em produto, essa narrativa tem o poder de ser compartilhada infinitamente, aumentando a chance de um problema retratado no longa ser resolvido.

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Lançado em 2007, e baseado na vida e experiências de uma de Marjane Satrapi, "Persépolis" é um drama de animação que conta a história de Marjane (Chiara Mastroianni), uma garotinha iraniana que cresceu durante a revolução do Irã na década de 80.


O filme foi dirigido por Marjane Satrapi (que também escreveu os quadrinhos em que o filme é baseado) e Vincent Paronnaud. "Persépolis" está disponível, dublado, no youtube na íntegra, e conta com apenas 90 minutos de duração.


Criada numa família que acredita na revolução e num Irã mais liberal, Marjane é exposta à política desde muito cedo, tanto pelos discursos de membros de sua família quanto pelas mortes de familiares mais ativos na revolução, como seu avô e seu tio Anouche (François Jerosme), causadas pelo governo autoritário.

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Enquanto cresce num ambiente que está mudando rapida e drasticamente, Marjane tenta se adequar a um mundo muito mais hostil que antes, ainda tentando manter sua liberdade e identidade, que é algo estimulado pela família.


Quando as coisas ficam perigosas demais, os pais a mandam para a Áustria, onde Marjane tem contato com a política e modo de vida ocidental, e com uma liberdade que antes era só um ideal para um futuro longínquo. Imersa nesse ambiente que prega liberdade de expressão e bebe da fonte niilista, Marjane experiencia a visão que a Europa tem de seu país, seu povo e seus conflitos: e encontra hipocrisia.

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A narrativa criada por Satrapi é poderosa e emotiva. Seus personagens são bem construídos e pelo menos por cima, a audiência tem acesso ao contexto das revoluções iranianas na época de 70 - e das que estão acontecendo agora.


No entanto, a narrativa é restrita à curta duração de 1 hora e 30 minutos, e por consequência, o passo do filme as vezes é apressado demais, apresentando os efeitos do governo autoritário, mas não as consequências emocionais deles, o que é uma perda enorme.


A escolha de produzir o filme inteiro em animação é inteligente, pois ao mesmo tempo que traça uma conexão com os quadrinhos, de onde a trama é baseada, e produz uma sensação de estranhamento, pois apesar de ser engraçado e peculiar em algumas partes, não é muito comum desenhos representarem tanta violência, tanto drama.


Um filme importantíssimo para compreender os conflitos do Irã e apreciar o cinema internacional, tanto na época em que foi lançado quanto nos tempos atuais, "Persépolis" foi indicado ao Oscar de melhor animação em 2008, além do BAFTA e o prêmio César.







 
 
 

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Matinê Baiana

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