Review - "Avatar: O Último Mestre do Ar"
- Helena Vilaboim

- Mar 1, 2024
- 3 min read
O ano de 2024 chegou trazendo muitas adaptações queridas para o público que era criança na década de 2005 / 2010. "Percy Jackson e os Olimpianos" chegou à Disney Plus em janeiro e agora chegou a vez da Netflix, com a estreia da primeira temporada da série live-action "Avatar: O Último Mestre do Ar" (Avatar: The Last Airbender).
Contando com apenas 8 episódios de mais ou menos 1 hora cada, a série adapta a animação "Avatar: A Lenda de Aang", lançada em 2005 pela Nickelodeon, que teve três temporadas de 20 episódios cada, e também está disponível na plataforma da Netflix.
"O Último Mestre do Ar" apresenta um mundo baseado nos países asiáticos de antigamente, em que várias pessoas têm a habilidade de controlar os quatro elementos da natureza, e se dividem a partir disso: temos o Reino da Terra, a Nação do Fogo, os Nômades do Ar e a Tribo da Água.
Nesse mundo, a audiência segue Aang (Gordon Cormier), um nômade do ar de doze anos de idade que têm a imensa responsabilidade de ser o Avatar, a única pessoa capaz de controlar (ou "dobrar", como é referido na série) todos os quatro elementos. Sobrecarregado pela responsabilidade, Aang foge e se perde numa tempestade, onde fica preso por 100 anos.
Nesse meio tempo, a nação do Fogo começou uma guerra para expandir seus territórios e "trazer paz" ao mundo através de seu controle absoluto e subjugação dos outros povos. Aang então é achado por Katara (Kiawentiio) uma dobradora de água e seu irmão Sokka (Ian Ousley), que se juntam ao Avatar para salvar um mundo oprimido e sem esperança.
Visualmente linda, a série passa por vários pontos da animação original com fidelidade incrível, mas essa semelhança fica bastante na superfície da estética escolhida. Para quem cresceu assistindo a série original, "O Último Mestre do Ar" tem uma falha imensa em seu centro: ela é essencialmente rasa.
Talvez pela pequena quantidade de episódios, a série em live-action se satisfaz apenas em reproduzir a trajetória dos personagens e cenas mais marcantes do desenho rapidamente, sem dar importância ao que fez "A Lenda de Aang" tão especial para início de conversa: sua habilidade de criar um universo divertido, engraçado e cheio de ação, mas também popular pelas lições de vida que eram entregues de forma leve e sem exagero.
A série também comete um erro ao entregar personagens basicamente sem defeitos, se esquecendo que é também nessas falhas que a audiência se enxerga. Katara, por exemplo, era cabeça dura, orgulhosa e rebelde na animação original, mas na série ela é bastante mansa, apesar de ser capaz de se defender e ajudar a trama a seguir em frente.
É preciso lembrar que nem tudo seria igual à animação, até por que é isso que chamam de adaptação: as mídias são diferentes, a audiência é diferente. Mas, a meu ver, ignorar a própria alma do material original é um problema que irá desagradar muito aos fãs originais, que formam boa parte da audiência da série.
Em termos visuais, a série é fantástica, mas ligeiramente exagerada. Se percebe um cuidado com o material original na questão de vestimentas e localidades, trazendo um aspecto de nostalgia à fãs originais. "O Último Mestre do Ar" também quebrou o recorde de maior tela LED - que substitui o uso da tela verde - até o momento, o mesmo tipo de tecnologia usada nas gravações de The Mandalorian. No entanto, é fácil notar falhas mínimas no fundo de algumas cenas mais fantásticas.
Em termos de performance, o elenco faz um bom trabalho, mas nada extremamente bom, como o trabalho dos atores mirins em "Stranger Things". Apesar de nem sempre entregar o tom certo em cena, as crianças mostram um grande potencial, e é quase garantido que nas próximas temporadas confirmadas, elas estejam mais acostumadas com seus personagens e o mundo da série, entregando sempre um trabalho melhor.
Quem chama bastante atenção no elenco é Dallas Liu no papel de príncipe Zuko, que, banido de sua vida como herdeiro do trono do Senhor do Fogo, tem como objetivo capturar o Avatar. Zuko sempre foi o personagem mais instável emocionalmente da narrativa, e Dallas entrega performances fortíssimas durante a série, principalmente quando contracena com Paul Sun Hyung Lee, no papel do Tio Iroh, um dos personagens mais queridos da animação original.
"Avatar: O Último Mestre do Ar" tem um potencial enorme de não ser uma das séries mais populares do catálogo na Netflix, mas também uma das mais rentáveis, devido à sua belíssima produção visual. Os criadores, porém, devem entender que é preciso desenvolver melhor a alma da série, pois apesar de deslumbrante à primeira vista, beleza sem substância cansa.








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