Review de "Zorro": A Paz nunca mudou as coisas
- Helena Vilaboim
- Jan 25, 2024
- 3 min read
Updated: Feb 1, 2024
Quem me conhece sabe o quanto gosto desse personagem. Cresci assistindo aos filmes dos anos 90 com Antonio Banderas sob a máscara do herói justiceiro e me apaixonei pela mensagem, pela tragédia e pela comédia que "A Máscara do Zorro" e "A Lenda do Zorro" trouxeram aos cinemas.
Então foi com surpresa que descobri que a mitologia do personagem ia muito além daqueles filmes, somando uma antologia de mais de 20 filmes, séries, quadrinhos, livros e até jogos. Em minha curiosidade, consumi alguns filmes ainda em preto e branco, como "O Signo do Zorro", produção de 1958.
Surge então a série original Prime Video lançada na segunda semana de janeiro de 2024 e não poderia ficar de fora. A série conta com 10 episódios de uma hora de duração cada.
A série conta a história de Diego de la Vega, que volta à Califórnia para assumir os negócios do pai, um fazendeiro influente que foi assassinado. Quando chega em casa, Diego é recebido por uma região caótica em ascensão econômica sob a dominação espanhola e sobre as costas de escravos que contam com a presença de Zorro para conseguir justiça.
Diferentemente da maioria dos filmes anteriores, a série é uma produção espanhola, utilizando atores de três nichos: Hispânicos, latinos e nativo americanos; já se destacando pelo bom uso da diversidade uma história que nasce desse embate entre as três.
"Zorro" é uma série que também se diferencia pela falta de alma mais cômica no estilo meio pastelão como acontece nos filmes de Antonio Banderas, com expressões muito exageradas e foco em cenas inusitadas, que fazem parte do charme das produções mais antigas. A série se leva muito a sério, mas também se inspira muito nos filmes de Banderas.
Mais conhecido pelo papel na série adolescente "Èlite" na Netflix, Miguel Bernadeau dá vida à Diego de la Vega lindamente, e ainda mais ao lendário herói. Se por um lado Diego é charmoso, cauteloso e simpático, com seus próprios demônios e mistérios a desvendar, Zorro é justo, leal, extremamente habilidoso e por vezes letal, um símbolo com a responsabilidade de apaziguar uma sociedade em guerra.
No elenco coadjuvante, contamos com Bernardo (Paco Tous), Lolita (Renata Notni) e o Capitão Monastério (Emiliano Zurita), cada um com uma trama em particular com Diego e com Zorro. Mas quem se destaca mais aqui é a nativa Nah Lin (Dalia Xiuhcoatl), que por vingança, tenta tomar o manto do protetor da Califórnia de Diego e representa um perigo e por vezes uma solução ao protagonista.
Os pontos fortes da série são certamente as performances do elenco todo e a direção compartilhada por Javier Quintas, Jorge Saavedra e Jose Luis Alegría, que captam muito bem a tensão da história, a beleza natural do cenário e a ação.
Zorro tinha tudo para ser uma grande produção, aumentando o alcance da mitologia do personagem, montando um cenário rico e justo com todos os envolvidos na trama mas infelizmente a série é lotada de histórias diferentes que nem sempre se interligam, o que dá a sensação de que, com muita sede ao pote, os produtores da série queriam trazer as narrativas dos dois filmes para a série, para uma nova audiência, ao mesmo tempo que adicionaram tramas a mais para fazer do projeto algo original, sem saber o que seguir com mais afinco.
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