"Round 6": Fenômeno do Dia para a Noite
- Helena Vilaboim

- Oct 14, 2021
- 3 min read
“Round 6” (오징어 게임, Squid Game) é uma série de origem Sul-Coreana Original Netflix que chegou á plataforma no dia 16 de Setembro de 2021. A série foi criada por Hwand Dong- Hyuk e tem 9 episódios de uma hora de duração cada.

A série se passa na Coreia do Sul nos tempos atuais, e segue uma gama de personagens que estão com enormes problemas financeiros e que competem num jogo extremamente perigoso por uma quantia absurda de dinheiro.
A premissa da série certamente lembra a franquia de filmes “Jogos Mortais”, mas as questões sociais e econômicas lembram um filme, também Coreano, que esteve muito em alta no óscar de 2020: “Parasita”. “Round 6” é o projeto híbrido entre esses dois, e que chega onde quer chegar sem muito esforço. A série entrou no catálogo da Netflix muito quietinha, mas de um dia pra a noite, todo mundo estava falando dela. É uma das séries mais maratonadas da Netflix atualmente.
Essa popularidade repentina fala muito da qualidade do processo de produção da série, que é de encher os olhos. Todos os aspectos de “Round 6” são muito bem feitos, desde a organização dos arcos dos personagens, a efeitos práticos e gráficos que realmente trazem uma pitada de realidade ao que estamos assistindo.

O roteiro, atribuído também á Hwang Dong-Hyuk, é bem conduzido, o que surpreende pela grande quantidade de personagens que a série se propõe a seguir, e conduzir seus objetivos, mostrar seus desafios e arquitetar as interações entre eles. Além das narrativas individuais dos personagens, temos três mais gerais: A dos participantes dos jogos, A dos organizadores dos jogos e A do personagem infiltrado. O roteirista comanda tudo isso com uma facilidade notável, criando e excluindo narrativas com boas desculpas e razões para que isso acontecesse sem frustrações.
Além disso, há um esforço bem óbvio de continuar com o tema durante os episódios: Quão longe você iria se estivesse numa situação parecida com a dos personagens? Hwang Dong-Hyuk é hábil em manter o tema relevante, em situações diferentes, seja com os personagens em suas vidas fora do jogo, e dentro dele.
Para audiências que não estão acostumadas com o estilo de outras séries de origem coreana, as performances podem algumas vezes parecer estranhas, assim como as entregas de falas, que são muitas vezes cortadas ao meio por efeito dramático. Mas após alguns episódios, é certo que o espectador vai ter se acostumado com essas mudanças. “Round 6” também se utiliza de técnicas presentes em animes também, alguns planos de cena, e alguns pensamentos dos personagens, em que ouvimos suas vozes, mas não há diálogo.

As performances estão muito boas, uma vez que a diferença das técnicas é ultrapassada. Minha atenção foi especialmente capturada por Kim Joo Ryung, fazendo o papel da jogadora 212, e Anupam Tripathi, fazendo o papel do jogador 199.

Eles realmente se sobressaíram dos outros, que não deixam de ser maravilhosos, pelo seu arco independente principalmente.
O verdadeiro protagonista (leia-se o que seguimos mais) da série é Seong Gi-hun (Lee Jung-Jae), hum homem na faixa dos 40 anos, e que está desempregado ao que parece ser bastante tempo, e seu drama pessoal gira em torno de sua filha, que mora com a mãe e o padrasto e sua mãe, de quem ele vive ás custas.

Uma vez que ele entra no jogo, parece que a personalidade dele muda, e Seong Gi-hun passa a ser um dos personagens mais decentes do elenco, o que serve muito bem á narrativa, pois cria um protagonista por quem a audiência consegue sentir empatia.
Infelizmente, a série apresenta vários buraquinhos nos plots apresentados, há narrativas que simplesmente não têm desfechos, e o mais frustrante é a mudança de Seong Gi-hun para como ele era no início da série. Isso quebra com uma das regras mais básicas de roteiro, que é que o protagonista tem que passar por uma mudança essencial ao final da narrativa.

“Round 6 ” é uma séria muito bem feita até o final dela, e com certeza vale uma maratona. Ela termina abrindo portas para a expansão do universo que foi criado, e possivelmente mais narrativas. Esperemos que as questões que ficaram sem respostas da primeira temporada sejam respondidas no futuro.



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