"The Good Place": Tudo Pode Ficar Bem

Não é muito comum encontrar uma sitcom que lida com temas mais difíceis, até pela estrutura que pede rapidez. Claro que acontece de vez em quando, mas na maioria das vezes é basicamente um esforço do público de entender a história num nível mais profundo. Lemos nas entrelinhas.

O núcleo de The Good Place

Criada por Michael Schur, "The Good Place" é diferente. A série, que terminou com 4 temporadas já lançadas (2016-2020), é essencialmente um estudo das relações humanas entre pessoas e com o fato inevitável da morte e como nossa vida impacta nela e vice versa. A primeira temporada conta com 13 episódios de mais ou menos 25 minutos cada, e está totalmente disponível na Netflix.

A narrativa segue Eleonor Shellstrop (Kristen Bell), uma pessoa que acabou de morrer e entrou para o "Lugar Bom". Quando ela entra em contato com outros residentes da "vizinhança", Eleonor descobre que houve um erro, e ela não deveria estar ali.

Numa tentativa de escapar ser mandada para o "Lugar Ruim", Eleonor depende que Chidi (William Jackson Harper), um professor de ética, a ensine a ser uma boa pessoa. Durante os episódios também conhecemos Tahani (Jameela Jammil) e Jason (Manny Jacinto), outros dois protagonistas que formam o grupo, adicionando dinâmica, problemas e soluções à trama.

Ted Danson e D'Arcy Carden como "Michael" e "Janet""

Integrando o resto do núcleo protagonista, temos Ted Danson como Michael, um ser imortal com poderes místicos e D'Arcy Carden como Janet, um ser que ajuda os residentes da vizinhança, e que sabe de literalmente tudo. Esses dois personagens levam a criatividade humana a um nível praticamente ilimitado, criando problemas extremamente divertidos.

Com um teor bem absurdista, "The Good Place" consegue equilibrar muito bem a comédia e situações mais pesadas, as vezes apresentadas de forma despretensiosa, mas em outras, a combinação da situação em si e a entrega da cena pelo elenco faz com que a audiência fique pensando no que foi dito bem depois do episódio acabar.

É interessante que embora a ideia original da série seja complicada, e também complexa de abordar: "O que acontece depois da morte?", The Good Place consegue ser uma série bem leve. Isso se dá principalmente pela narrativa contida nos personagens, e também no elenco incrivelmente talentoso na série inteira.

Durante a primeira temporada, o quarteto protagonista forma laços entre si, se tornam pessoas melhores, tem a chance de repensar seus erros, seus acertos, e o que essencialmente os mandou para o "Lugar Ruim".

Essa primeira temporada estabiliza a audiência na ideia da série e nos acostuma com os personagens, firmando principalmente a ideia de que ninguém é totalmente ruim, e ninguém é totalmente bom. O importante é fazer sempre a escolha entre esses dois, baseado em nossas relações com outras pessoas e o senso de comunidade.

Senso de comunidade

Relacionamentos que não são perfeitos, mas são humanos.