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"The Sandman": Nunca é só um Sonho

Baseado no quadrinho dos anos 80 escrito por Neil Gaiman, a série "Sandman" chegou à Netflix no dia 5 de agosto depois de várias tentativas de transportar a narrativa dos quadrinhos para as telonas. Fugindo da narrativa de série, Sandman chega como um produto extremamente fiel aos quadrinhos, pelo bem e pelo mal, com 10 episódios em sua primeira temporada.

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A narrativa da série segue Sonho (Tom Sturridge), a personificação do conceito que ele representa, que capturado por um grupos de magos que queriam capturar a morte, passa décadas longe de seu domínio, causando efeitos no mundo "desperto". Quando é liberto, Sonho tem que ir atrás de suas ferramentas para reconstruir o que foi destruído, contando com ajuda de humanos que mudam sua perspectiva sobre sua função.


Essa é a premissa inicial da série, que muda na metade da temporada, nos apresentando uma nova protagonista, Rose Walker (Vanesu Samunyai) , e um novo arco que é interligado ao original. Isso dá uma fluidez incrível á "Sandman", que também segue a estrutura dos quadrinhos no estilo "control C, Control V", mesmo que essa dedicação possa trazer certa confusão aos espectadores desavisados.


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Boyd Holbrook como "Corintiano"

Mas a adaptação ainda se adequou o pouco possível para fazer a série andar como deveria. Para isso, um personagem tomou o espaço do antagonista da temporada, espaço que não existe de modo fixo nos quadrinhos, já que sua narrativa chega a ser mais fluida e sem estrutura fixa.


No entanto, essa mudança foi bem vinda pelo bem do arco de temporada, e guiado pelo próprio Neil Gaiman e um time de roteiristas confiáveis, a essência se manteve.


O elenco é outro acerto. Tom Sturridge é praticamente a personificação de seu personagem, representando com maestria a solidão, tristeza e a frieza do sonho em algumas situações, com a atenção especial para a voz do ator.


Todos os outros atores escolhidos para popular o universo de Sandman na Netflix trazem todos os pontos essenciais necessários para fazê-los reconhecíveis e também amáveis.


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Tom Sturridge e Kirby Howell Baptiste como 'Sonho" e "Morte"

Como os quadrinhos saíram nos anos 80, a representatividade não era algo prioritário como é hoje em dia, e quando a oportunidade foi apresentada, as mudanças foram feitas e para melhor.


Kirby Howell-Baptiste faz o papel de Morte, irmã mais velha de Sonho, criando uma versão mais velha e negra, que difere de suas aparições nos quadrinhos, mas a atriz faz um trabalho maravilhoso, apresentando uma Morte gentil e sensata, como no material original.


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Mason Alexander Park como "Desejo"

Gwendoline Christie faz o papel de Lucifer, apresentando uma personagem forte, que exalta autoridade e com o antagonismo bastante ameaçador para o protagonista.


O elenco também conta com Mason Alexander-Park no papel de Desejo, membro da família de Sonho e Morte, e uma personagem não-binária, interpretado por uma pessoa também não-binária.


O elenco mais vasto ainda conta com grandes nomes como Mark Hamill, no papel de "Merv"; Stephen Fry, como "Gilbert"; Jenna Coleman, no papel de "Johanna Constantine" ; Patton Oswalt, fazendo a voz de "Matthew" e muitos outros.

Com a direção dividida por sete diretores, "Sandman" conta com episódios criativos e com imagens bastante marcantes e que brincam com nossa imaginação, desde cenas e cenários psicodélicos e lúdicos a espaços mais normais, passando por situações que realmente parece saídas de um pesadelo.


A câmera também tem um efeito muito sutil em algumas cenas que fazem com que as bordas da imagem estejam ligeiramente desfocadas, causando um efeito de inconsciência ou sonho, o que é um detalhe interessante.

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Jenna Coleman como "Johanna Constantine"

A série trabalha temas presentes também nos quadrinhos, como o poder de escolha dos personagens, a influência do sonho no mundo desperto, e outros; mas para quem leu os quadrinhos, esses temas podem vir de um jeito mais "água com açúcar" na série, com o peso de algumas coisas mais moderado.


Isso pode se dar pela maneira de distribuição da série, e pelo próprio limite de tempo.


Como a leitura dos quadrinhos faz com que o próprio leitor tenha controle de quando continuar a leitura, há a possibilidade de digerir os temas, ideias, diálogos e ações dos personagens que são chocantes ou interessantes de um jeito mais natural, o que não acontece quando temos toda a temporada junta para maratonar em um dia.


Talvez Sandman funcionasse muito melhor tendo episódios de uma hora de duração liberados semanalmente, trabalhando melhor os temas de cada episódio e os deixando amadurecer dentro da mente do espectador mais lentamente. Assim a série poderia talvez trazer o choque dos quadrinhos com mais intensidade.

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Concluindo, "Sandman" é uma série de fantasia e aventura, que trabalha muito bem o material original, e entrega temas e ideias mais "cabeça" de um jeito muito mais engajante e divertido. É um produto muito bem feito que para quem gosta de fantasia e mitologia, vai ser certamente um prato cheio.





 
 
 

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Matinê Baiana

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