"Todos os Homens do Presidente": Um Filme de Jornalismo Raiz

O escândalo de Watergate nos Estados Unidos foi uma das grandes mudanças no jornalismo da época, e que segue atual. A descoberta de um esquema de corrupção no governo de Nixon levou o país a um momento de caos e desconfiança.

Quando a vida real é tão inacreditável quando as narrativas ficcionais, é claro que o cinema iria explorar essa vertente. Alan J. Pakula e William Goodman exploram muito bem a trama, focando mais no processo de verificação das informações por jornalistas do jornal americano The Washington Post.

Lançado em 1976, "Todos os Homens do Presidente" (All the President's Men) está disponível na Apple TV para alugar, e conta com 2 horas e 6 minutos de duração. No elenco, o filme reúne Dustin Hoffman e Robert Redford como os protagonistas da trama,: dois jovens jornalistas atrás de um furo de notícia capaz de colocar a estrutura governamental do país contra a parede.

Um filme lento, "Todos os Homens do Presidente" é tão minucioso em sua apuração dos fatos que é capaz de entediar a audiência que não conhece a história de Watergate e como a investigação do Washington Post impactou a política americana. Com isso, o que atrai os espectadores ao filme é sua competência de direção e performances de Hoffman e Redford, que compõe a dupla de investigadores.

O roteiro de William Goodman começa com a prisão dos criminosos que invadiram um escritório do governo e a partir daí ele vai para frente e para trás de acordo com os avanços e obstáculos enfrentados por Carl Berstein (Hoffman) e Bob Woodward (Redfrord).

Considerado um dos filmes mais realistas sobre o assunto, o longa é baseado num livro homônimo escrito por Woodward e Berenstein sobre o processo de investigação, entrevistas e publicação dos avanços da investigação. O filme. essencialmente procedural, sabe que não é necessário adicionar intrigas e cenas de violência para deixar a história mais interessante.

Ainda com essa ideia, Pakula deixa que seus atores conversem livremente, focando as câmeras em diálogos que explicam o processo e a dificuldade de publicar uma história dessas, sem parecer que sejam forçados e artificiais.

Neste quesito, grande parte do sucesso do engajamento do filme cabe a Hoffman e Redford. Perfeitamente balanceando a ânsia de jovens jornalistas com a insegurança de publicar uma matéria que pode mudar tudo, os dois atores tem uma dinâmica de parceria maravilhosamente caótica, mas balanceada.

A elencagem dos dois foi extremamente feliz nessa escolha, pois numa história dessas, é necessário que a audiência se importe com quem está falando o que, e a dupla consegue engajar bem a audiência.

"Todos os Homens do Presidente" é um daqueles filmes perfeitos para os futuros jornalistas que estão ainda aprendendo sobre a função da profissão na sociedade. O filme é um exemplo perfeito de que o jornalismo é sim um poder capaz de balancear as coisas e sua principal função é a do serviço social.