"Wendell e Wild": Uma volta difícil
- Helena Vilaboim

- Nov 9, 2022
- 2 min read
Depois de 12 anos desde o lançamento de "Coraline", Henry Selick retorna dirigindo outro longa em stop-motion misturando fantasia e terror, além de temas importantes variados e em abundância. Dessa vez, dividindo o cargo de roteirista com o talentoso Jordan Peele. No entanto, dessa vez dois talvez tenha se provado demais.

"Wendell e Wild" (Wendell and Wild) segue Kat (Lyric Ross) uma garota orfã que vai para uma escola especial em sua antiga cidade. Durante sua estada, Kat faz um pacto com seus "Demônios pessoais", Wendell (Keegan Michael-Key) e Wild (Jordan Peele) para trazer seus pais de volta à vida. Mas quando as coisas dão errado, a cidade corre perigo e Kat precisa da ajuda dos amigos que fez na escola para resolver o problema.
Com uma animação super estilizada que grita "Henry Selick", e e maravilhosamente bem feita, "Wendell e Wild" é um filme visualmente estonteante, e em comparação com "Coraline", chega a ser mais assustador, visualmente falando. São composições malucas, inventivas e criativas que levam a história a um patamar a mais. As transições de movimento são tão fluidas, que Selick decidiu deixar algumas falhas para que o produto final não ficasse tão limpo e automático, retendo assim a sensação de stop motion.

No entanto, quando se fala de narrativa, as coisas saem um pouco do controle. A parceria de Selick e Peele pode ter parecido uma grande ideia na época da pré-produção do projeto, mas o resultado é uma trama cheia de antagonistas e temas para serem abordados, que faz com o que o filme perca o foco e tudo parece levar a ideias com grande potencial, mas "cruas" e inacabadas.
A própria protagonista age em contradições: ora se mostrando uma pessoa hyper-independente e durona, ora sendo extremamente ingênua e facilmente manipulada. São coisas como essas que tiram o espectador mais maduro da linha da narrativa, mas é possível que audiências mais novas não sintam tanto essa confusão.

Os temas do aprisionamento infantil e o uso de cadeias privadas para arrecadar dinheiro público são, com certeza, acréscimos de Jordan Peele à narrativa. E embora não completamente disfuncionais, eles adicionam muito mais peso do que a trama, majoritariamente infantil consegue suportar.
Ainda possivelmente por parte de Peele, "Wendell e Wild" oferece à audiência mais velha que embarca nessa jornada possivelmente pela nostalgia dos filmes de Selick, uma imagem bastante política: utilizando de elementos bastante conhecidos de políticos internacionais em dois antagonistas. É algo corajoso, e possivelmente arrecadará algumas risadinhas.
Por outro lado, o longa maneja bem a multidão de personagens que possui, oferecendo uma gama de personagens diferentes e a representatividade corre solta. São introduzidos personagens de todas as etnias e um personagem trans. Esse é certamente um ponto positivo, embora novamente entregue meio "cru".

Concluindo, "Wendell e Wild" é um filme de terror infantil que oferece uma boa diversão aos pequenos, mais que olhado com mais atenção, apresenta plot holes e muitas oportunidades perdidas. A parte mais frustrante é que longa poderia ter sido um filme fantástico, se tivesse focado no que realmente era importante para aquela narrativa específica, em vez de tentar juntar muitas em um filme só.



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