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"Doutor Sono": Nostalgia Revisitada


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Ewan McGregor como "Dan Torrance"

Doutor Sono” (Doctor Sleep) é um longa de Terror dirigido por Mike Flanagan, responsável também por vários projetos originais Netflix, como “A Maldição da Residência Hill” e “A Maldição da Mansão Bly”, e mais recenteemte, “A Missa da Meia Noite”. O filme também é a sequência de “O Ilumidado” (The Shining), dirigido por Kubrick em 1980.


Doutor Sono” foi lançado em 2019, e está disponível na plataforma HBO Max, além de na Google Play e iTunes. Ele conta com 2 horas e meia de duração, mais ou menos na faixa do original. Ambos os filmes foram baseados em obras do grande escritor de Terror Stephen King.


O filme conta a história de Danny Torrance (Ewan MacGregor), agora “Dan”, 20 anos depois dos acontecimentos de O Iluminado, tentando lidar com as sequelas deixadas em sua vida pelos traumas vividos no Hotel Overlook.


Diferentemente de O Iluminado, que serve como uma apresentação do “Brilho” e suas influências em pessoas (e lugares) mentalmente desestabilizados, “Doutor Sono” apresenta uma realidade assustadora dentro do universo dos filmes e livros: Outra característica do “brilho” atraí não só fantasmas, mas também pessoas crueis que usam esse elemento principalmente das crianças para se manterem jovens por centenas de anos.

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O grupo "True Knot" em "Doutor Sono"

É como conhecemos Rose the Hat (Rebecca Ferguson) e o True Knot, um grupo de pessoas que usam o Brilho para o benefício próprio. Eles são predadores experientes, e não param até conseguirem o que querem. Quando Abra Stone (Kyliegh Curran) presencia telepaticamente uma morte pelas mãos do True Knot, ela entra em contato com Dan por meio da habilidade que eles têm em comum, pedindo por sua ajuda.


A direção de Mike Flanagan é, como em outros projetos de sua autoria, fixada num terror mais emocional, que difere do psicológico de Kubrick, mas que complementa a história de forma muito mais que satisfatória e mais impactante por seu “frescor” dentro do gênero. O Filme de Flanagan é extremamente detalhado e cuidadoso, que mescla bem a nostalgia da versão de Kubrick com uma assinatura própria.


Em “Doutor Sono”, Flanagan vai muito além de seus projetos autorais em termos de “Gore”. O diretor faz um esforço para são se desviar de cenas mais sórdidas, chocantes e simplesmente de partir o coração. Mas é na medida certa. Uma cena inclusive, que conta com a rápida participação de Jacob Trembley, que mesmo tendo muito pouco tempo de tela deixa sua marca de um jeito que ninguém vai esquecer, teve de ser editada por ser brutal demais. (Aos que já assistiram, imaginem a cena, mas pior)


O roteiro foi uma parceria do próprio Stephen King com o Mike Flanagan, e ele responde algumas perguntas que ficaram sem resposta em “O Iluminado”, além de expandir o universo da narrativa e dar mais tempo para os fãs com personagens amados. O ritmo do roteiro é maravilhoso, são duas horas que passam num estalar de dedos, e é mesclado com cenas incrivelmente tensas e afetuosas num morde e assopra viciante.

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Kyliegh Carran como "Abra Stone"

Algumas performances estão de tirar o fôlego. As que mais se destacaram á minha vista foram a jovem Kyliegh Carran como Abra, que entrega uma performance ingênua no início mas que nem por isso deixa de ser corajosa e decidida. Ela contracena extremamente bem com atores muito mais experientes, indo de igual para igual de forma convincente até contra Rebecca Ferguson, que faz o papel de Rose the Hat. Considerada uma das melhores vilãs do universo de livros de Stephen King, Rose the Hat, ou Rose O’Hara, é uma figura cruel e imparável, além de centenária.


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Kyliegh Carran e Rebecca Ferguson como "Abra" e "Rose the Hat"

Conhecemos pouco da história de Rose the Hat, mas com elogios do próprio King, a performance de Ferguson é marcante por sua fala mansa na maior parte das vezes, mas atitudes monstruosas e desprezíveis. Ela é o tipo de pessoa que não parece ser capaz dos horrores que pratica, mas que na na verdade vai muito além da imaginação.


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Ewan McGregor como "Dan Torrance"

McGregor é uma das performances que não chama muita atenção. Talvez pelo próprio personagem não querer chamar muita atenção, ele passa muito tempo sem querer se envolver com as situações trazidas por Abra, e mesmo assim, é bom testemunhar Dan Torrance acabar não só se acostumando com sua habilidade, mas decidindo usá-la para melhorar a passagem de pacientes no casa de idosos em que trabalha, ganhando o apelido “Doutor Sono”.


Doutor Sono” existe por conta própria no universo cinematográfico de adaptações dos livros de Stephen King, apesar de contar uma continuação da história que começou com “O Iluminado”, 40 anos antes. É mais um filme com a marca de terror emocional de Mike Flanagan que corta fundo, mas ainda traz a sensação nostálgica.


 
 
 

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Matinê Baiana

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