"A Crônica Francesa": É essa a Crítica.
- Helena Vilaboim
- Dec 1, 2021
- 2 min read
“A Crônica Francesa” (The French Dispatch) é um filme de 2021 dirigido pelo super conhecido e talentoso Wes Anderson. Ele chegou aos cinemas brasileiros no dia 18 de Novembro, e conta com 1 hora e 50 minutos de filme.

A narrativa não linear segue vários jornalistas de uma revista, a Crônica Francesa, enquanto eles narram suas melhores histórias da década em homenagem a um exemplar especial. O filme é realmente estruturado em estilo de crônica e a única constante do filme é a revista.
Como é de costume, esse novo filme de Wes Anderson é extremamente estilizado, e visualmente deslumbrante, desde o conjunto como um todo e também nos mínimos detalhes de cada uma das cenas. É difícil não se impressionar com a quantidade gigantesca de atenção que a equipe coloca na construção do universo de do diretor, criando um ambiente que beira o absurdismo, mas que ainda pode ser chocante.

A narrativa então, dividida em três principalmente, são sobre: Um artista encarcerado numa instituição para criminosos insanos; A revolução estudantil que se prova infundada; e a história de um sequestro que é resolvida por um chef de cozinha. Não seria justo falar mais que isso.

Como tema que intercala todas as crônicas, pelo menos até onde eu percebi, é o auto conhecimento e a devoção ao que isso significa, que chega a ser mais uma requisição do próprio ser aquela coisa, e ocupar aquele espaço: Um artista tem que criar, um estudante se rebelar e um chef tem que sempre encontrar novos sabores. E por último, um jornalista tem que escrever.
Todos os personagens em “A Crônica Francesa” são criados a partir de um estereótipo que vira e mexe são reforçados nas mídias, e aqui eles parecem o combustível para uma crítica descontraída do diretor e dos roteiristas, o que funciona por que o contexto em que eles estão inseridos é sutilmente mudado, para que ainda haja uma surpresa e diversão em descobrir para onde a história está caminhando..
As narrativas foram escritas por Roman Cooppola, Hugo Guinness, Jason Schwarzsman e pelo próprio Anderson. No filme, a narrativa quebrada funciona bem, uma vez que em vez de tentar esconder esse fato, eles usam o fato de a narrativa ser costurada como um fator essencial na história.
Uma coisa que chama a atenção, mas que não é estranho nos filmes do diretor, é o uso balanceado da narrativa verbal, composta por diálogos inteligentes em extremamente absurdos, com a narrativa visual, que é um dos toques de controle de narrativa que eu mais gosto nesse tipo de filme.

O elenco montado para esse filme está sensacional. Muitos rostos familiares de outros projetos do diretor aparecem, e outros novos também, todos perfeitamente encaixados nas engrenagens estéticas do longa. Não quero contar muita coisa porque o fator surpresa é essencial para o divertimento da audiência.
Ainda assim, não julgo “A Crônica Francesa” o melhor filme do diretor, nem o mais interessante de sua carreira, embora seja uma obra divertida e cheia de elementos do estilo dele. Assim como os outros, esse filme de Wes Anderson precisa ser assistido quando o espectador quer assistir um filme dele para ser apreciado em sua totalidade. Com certeza não é para todo mundo.
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