top of page

"Andor": A Gente Nunca se Acostuma com o que Não é Bom

Updated: Jul 11, 2024

É raro alguém não saber o que é Ficção Científica. O gênero esteve presente em nossas plataformas de entretenimento por décadas, e muitos de nós gostamos bastante dele. No entanto, o que a maioria pensa quando encontra o termo são naves espaciais, robôs e lasers. Muita gente não tem noção de que o gênero surgiu com um fundo muito político e cheio de críticas sociais.


ree
Diego Luna como "Cassian Andor" / Foto: The Movie Database

Baseada no longa de 2016 "Rogue One", a série original Disney+ "Andor" chegou de mansinho, sem prometer muita coisa, chamando pouca atenção fora do círculo de fãs do filme, mas acabou entregando tudo com a primeira temporada de 12 episódios. A série, parte da nova onda da franquia Star Wars para a televisão, possui um conceito muito mais ancorado na ficção científica "raiz", apresentando um panorama muito mais realista e politizado à audiência.


A narrativa de Andor segue Cassian (Diego Luna), um jovem "vigarista" desiludido morando em Ferrix que tenta melhorar de vida vendendo tecnologia roubada do império. Quando Cassian entra numa confusão mais séria, sua única saída é confiar em Luthen (Stellan Skarsgaard), que o emprega para roubar uma grande quantia de "créditos". A partir daí, Cassian entra em contato com o pior que o Império oferece, e decide que não vale a pena só ignorar a situação.


Como o arco do protagonista já está finalizado no filme "Rogue One", "Andor" parece ter pouca liberdade, mas a série faz mágica em nos apresentar o passado de Cassian como um jovem despolitizado e desengajado que no futuro vira um herói Rebelde. O tratamento de personagem é impecável, e há tempo de sobra para explorar não só seu passado, mas todo o seu ambiente.


Seguindo várias tramas ao mesmo tempo, "Andor" conserva o subgênero neo-noir que foi introduzido em "Rogue One", com uma direção bastante fechada, muitas vezes hostil e mostrando muito bem o perigo que nossos protagonistas correm. Os ambientes são sempre muito bem trabalhados, fazendo a imersão na história completa.


Em Andor, não há um personagem que seja unidimensional, mesmo que tenha pouco tempo de tela. Os roteiros de cada um dos episódios são inteligentes, tensos, cheios de simbolismo e não entregam nada mastigado à audiência. As dinâmicas são extremamente bem construídas, de um jeito que uma coisa que é dita num episódio volte em outro fechando o círculo daquela informação perfeitamente.


uma mulher no meio de uma entrada hexagonal sem porta
Cena de "Andor" / Foto: The Movie Database

A direção composta por Toby Haynes, Ben Caran e Susanna White surpreende com tomadas extremamente bem compostas, usando a representação visual para deixar certas partes da narrativa muito bem claras, e ainda nos entregando imagens belíssimas e evocativas.


Com um elenco maravilhosamente talentoso, "Andor" ainda reúne Stellan Starsgaärd, Fiona Shaw, Adria Arjona, Andy Serkis e Forest Whitaker nos elencos principal e coadjuvante. A introdução de seus personagens foi bastante impactante, e traçam uma linha curiosa. São personagens humanizados, de moral mais cinza, que tem uma história bastante realista para contar.


ree
Denise Gough como "Dedra Meero" em Andor / Foto: The Movie Database

E ainda, novos nomes, como Denise Gough que faz o papel da antagonista: Dedra Meero, uma investigadora de um setor burocrático do Império. Diferente de outros representantes da máquina imperialista, a maior ameaça que Dedra apresenta é sua eficiência e grande capacidade de investigação.


A performance de Gough é extremamente ameaçadora e cruel. Sua personagem, sendo a face do ISB, dá uma nova perspectiva do império, muito diferente dos stormtroopers que não conseguem acertar ninguém. É em Andor que vemos a verdadeira ameaça do Império expandido e burocrático.


Essa nova perspectiva, focada nos efeitos do Império sob o cidadão comum, é utilizada pela primeira vez - pelo menos numa versão de live-action - deixando claro que a ordem que se pretende trazer para a galáxia é pautada pelo medo e pela utilização indiscriminada da força. Partindo-se dessa perspectiva, Andor consegue justificar e tornar aguardados e desejados os movimentos de rebelião.


Voltando para o núcleo protagonista, o tema que rege a trama dos rebeldes é Sacrifício. Interessantemente, vemos esse tema introduzido não pelo protagonista, mas por personagens com quem Cassian entra em contato durante a jornada, e com quem aprende muito: Luthen (Stellan Skarsgaard), Vel (Faye Marsay), Bix (Adria Arjona) e Maarva (Fiona Shaw).


ree
Genevieve O'Reilly como Mon Mothma em "Andor" / Foto: The Movie Database

O sacrifício toma forma principalmente com a trama de Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), uma das senadoras que adverte por causas sociais e por baixos dos panos é uma das patrocinadoras mais engajadas da Rebelião. Mon pode ser uma personagem que parece estar protegida por seu status e riqueza, mas por ela, descobrimos que sempre há um preço a ser pago.


Isso volta a ser reiterado algumas outras vezes durante os 12 episódios da série, trazendo a sensação de que Andor é uma daquelas histórias que "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".


ree
Cena de "Andor" / Foto: The Movie Database

De longe o melhor produto saído dessa onda de produções para a televisão dentro do universo Star Wars, Andor é diferente de tudo que temos visto até o momento, é certamente uma série do universo que os fãs devem verificar, trazendo uma exploração da humanidade dos personagens e um tom mais maduro e trágico. Os fãs de "Rogue One" vão com certeza amar a retomada desse sentimento.


Assista ao trailer de "Andor":



 
 
 

Comments


Matinê Baiana

Receba nossa Newsletter semanal!

Obrigada!

©2021 by Matinê Baiana. Proudly created with Wix.com

bottom of page