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Crítica: "Nada a esconder"

Situado em apenas um único ambiente em uma noite de jantar entre amigos, o longa francês “Nada a Esconder” é um excelente exemplo de como fazer uma boa narrativa com excelentes atuações e diálogos aprofundados e bem desenvolvidos, sem perder seu fôlego ou deixar o telespectador cansado.

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Em uma noite de eclipse lunar, onde coisas misteriosas podem ocorrer, um grupo de amigos de longa data se reúnem para jantar. No meio desse encontro, um dos amigos sugere uma brincadeira: Que todos coloquem o celular na mesa, e qualquer mensagem ou telefonema deve ser visto por todos. A partir daí, descobertas são feitas e segredos são revelados.


Disponível na Netflix, o filme lançado em 2018 contém 1h33 min de duração. O longa é uma uma adaptação do filme italiano “Perfetti Sconosciuti” (Perfeitos Desconhecidos) de Paolo Genovese, lançado em 2016.


A trama é inteiramente constituída pelo grupo de 7 amigos, com 3 mulheres e 4 homens. Nesse núcleo, Marie (Bérénice Bejo) e Vincent (Stéphane De Groodt) estão casados há anos, assim como Charlotte (Suzanne Clément) e Marco (Roschdy Zem). Léa ( Doria Tillier) e Thomas (Vincent Elbaz) são recém-casados, e Ben (Grégory Gadebois) é o único desacompanhado do evento, recém divorciado.


O filme a todo o instante nos joga pistas de possíveis problemáticas e desavenças, para então mostrar outras camadas. O processo de descobertas é interessante e impressionante. A fluidez do diálogo é coesa e essencial para a narrativa.

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Marie (Bérénice Bejo) e Vincent (Stéphane De Groodt)


A preparação de elenco deve ter sido extensa, visto que em cena a dinâmica entre os amigos é constante, conseguindo transmitir pela tela uma verossimilhança de que realmente esse grupo se conhece há anos.


A direção de Fred Cavayé, que também assume o roteiro ao lado de Filippo Bologna, é simples, porém com detalhes chaves para garantir enquadramentos diferentes no mesmo ambiente. Essa diferenciação, em estar na mesma locação, mas variando de maneira coesa os planos, cria uma narrativa que sempre cresce, e não se repete. O está no ponto, conseguindo apresentar naturalidade e com capacidade de expressar momentos emocionais com muita facilidade. A direção mantém os atores confortáveis em cena, e eles conseguem guiar a narrativa sem dificuldades.


Os temas são interessantes, diferente de alguns filmes, quando a base é no diálogo, muitos acabam indo para temáticas para conseguir ter o fôlego narrativo, aqui, a diferença é clara. O longa consegue ir e voltar em diferentes problemáticas com muita facilidade. As propostas são interessantes, e ao invés do tema ser o foco nos diálogos, as dinâmicas e personalidades dos personagens são o destaque, garantindo uma boa construção tanto na narrativa como nos personagens.

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Como o grupo majoritariamente formado por casais, ficou apenas decepcionada dos focos centrais rodarem o tema de traição, algo já batido diversas vezes no audiovisual. Apesar disso, sua estrutura garante boas cenas e excelentes descobertas, que surpreendem o público.


O eclipse lunar, que inicialmente aparenta ser apenas algo extra para a narrativa, se torna um ponto principal para as problemáticas desenvolvidas ao longo do jantar. Para alguns, pode causar um estranhamento, visto que pelo desenrolar da trama, o aspecto realista se mostra predominante. Mas, aos olhares atentos, que observam a trama nos pequenos detalhes, a finalização se torna bem amarrada e coesa, trazendo mais um ponto chave a uma narrativa que apenas aparenta ser simples, mas carrega uma ótima complexidade.



 
 
 

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Matinê Baiana

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