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"Nada de Novo no Front": A história que acabaria todas as guerras?

Todo mundo diz que para conhecer uma história, é preciso ouvir as duas faces dela. Isso faz com que nosso julgamento seja mais justo e claro, e é importantíssimo para uma visão correta do mundo. No entanto, hoje em dia está se tornando cada vez mais difícil achar alguém que esteja disposto a sair de sua bolha.


"Nada de Novo no Fronte" (Im Westen nichts Neues) é a terceira adaptação para a telona do livro homônimo de Erich Maria Remarque, publicado em 1929. O filme original Netflix entrou para o catálogo da plataforma em Setembro de 2022, e está concorrendo á várias premiações do Oscar 2023, incluindo Melhor Filme, Melhor Roteiro adaptado e Melhor Direção de Fotografia.

O longa segue o jovem Paul Bäumer (Felix Kammerer), que junto com seus amigos - Todos terminando a escola -, são manipulados pelo sentimento de patriotismo e heroísmo para se juntar ao exército Alemão no ano de 1917. Uma vez nas trincheiras, Paul e seus amigos não encontram a aventura que esperavam, mas uma realidade violenta e letal onde muitos podem muito bem perder a vida no primeiro dia.


Denominado um livro "pacifista" pelo Google, a narrativa de "Nada de Novo no Fronte", que também segue essa linha no filme, procura apenas relatar a experiência de nosso jovem protagonista nas trincheiras, sem atribuir culpa ás nações envolvidas, apenas à arquétipos criados justamente para essa função.

A narrativa do filme, assinada por Ian Skotell é talentosa em exprimir os pontos que quer passar, como a inutilidade do combate no fronte ocidental, que durou anos e matou milhares de soldados que lutavam por centímetros de avanço, ou a insistência de militares de patentes mais altas que por orgulho, teimosia ou serem maus perdedores, insistem em empurrar soldados para sua morte minutos antes do final oficial do combate.


A escolha de conduzir a narrativa de guerra pelos olhos de um garoto é extremamente útil para que a audiência se compadeça com sua situação, sensação que é significativamente aumentada pela performances dos jovens atores, com atenção especial para Adrien Grünewald no papel de Ludwig Behnm.

Também acertada foi a humanização da situação. O que isso significa é que a culpa não cai sobre a Alemanha inteira, mas sobre certas características humanas corporificadas em certos personagens.

E também faz um ótimo trabalho em humanizar as tropas alemãs, principalmente os soldados mais novos que são obrigados a continuar numa realidade horrenda.


Em contraposição às trincheiras, uma pequena parte do filme é passado com os homens responsáveis em tentar terminar com o conflito e os que querem a qualquer custo adicionar mais "glória" ao seu nome. Essas cenas acontecem numa calmaria absurda, dentro de salas elegantes e limpas, em um contraste ultrajante com a realidade da guerra.


A direção de Edward Berger é muito evocativa. Ele usa bastante do storytelling visual para passar algumas sensações importantíssimas à audiência, como a inevitabilidade da morte de personagens, mas também o companheirismo entre os soldados e os momentos raros de calmaria e esperança. A visão das câmeras de Berger realmente constrói uma história emocionante, impactante e sensível.


No entanto, "Nada de Novo no Front" não consegue escapar de ser certas comparações, a mais clara delas sendo o filme "1917", que saiu quatro anos atrás. Talvez pela limitação do cenário, e de como a história flui de protagonistas parecidos, a comparação visual entre os dois longas é óbvia.

Concluindo, "Nada de Novo no Fronte" é um filme marcante que se apoia bastante tanto no roteiro adaptado de uma obra prima do séc. 20 e em performances que são memoráveis e inspiradas. O longa certamente vai levar algum dos prêmios no Oscar, provavelmente melhor roteiro adaptado ou edição de som.



 
 
 

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Matinê Baiana

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