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"O Exorcista do Papa": É Bom Ver de Onde Isso Veio

Updated: Aug 30, 2023

Hoje em dia poucas coisas assustam mais do que o aviso "Baseado em Fatos Reais" antes do começo de um filme de terror. Não importa o quão bem produzido e bem roteirizado o filme é, aquela possibilidade de que aquelas cenas sejam baseadas em algo que aconteceu realmente é o que pega a maioria da audiência.

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Mas funciona. Em "O Exorcista do Papa" (The Pope's Exorcist), a igreja viu uma brecha de se afastar dos filmes mais explicitamente góspeis e atraír uma audiência mais geral, ainda mantendo uma narrativa bastante centrada na religião cristã que foge da tomada de responsabilidade dos atos mais abomináveis da Igreja.


A narrativa, que se passa na década de 80 na Espanha, segue o Exorcista chefe do Vaticano Gabriele Armoth (Russel Crowe), que é chamado para cuidar de um caso de um menino americano que é possuído numa abadia que sua família tenta reconstruir.


O filme segue bastante a linha de filmes de possessão, e sua produção é decente, mas há problemas sérios por trás do roteiro e pelo envolvimento de estúdios góspeis como "Loyola Productions" e "Jesus & Mary". Já nos créditos iniciais, "O Exorcista do Papa" nos conta que esse é um filme gospel disfarçado de terror.

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Em termos visuais, o longa é incrivelmente bem feito. A direção de Julius Avery é bem na linha dos outros filmes do subgênero e ele não traz nenhuma novidade, mas apresenta bem o interior da Espanha e os interiores imponentes do Vaticano. O problema do longa está na concepção de seu roteiro.


Assinado pelo quarteto Michael Petroni, Evan Spiliotopolus, R. Dean McCreary e Chester Hastings, o roteiro do filme é instável e se contradiz em algumas ocasiões, mas o pior aspecto do filme é a flaglante covardia em assumir a responsabilidade pela violência e injustiça cometidas durante o período da Inquisição Espanhola.


Caso você não queira spoiler, essa é a hora de parar de ler.

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No início do 3º ato do filme, o padre Amorth, auxiliado pelo padre Esquibel (Daniel Zovatto), descobrem que na abadia onde as possessões estavam acontecendo, estava o corpo do Exorcista Chefe da época da Inquisição Espanhola, e por meio de seu diário, o padre Amorth descobre que ele também esteve possuído, e por isso toda a barbárie da Inquisição foi obra de Asmodeos, o demônio intitulado "Rei do inferno".


O conceito por si só é interessante, e caso o filme tivesse sido produzido independentemente, teria sido uma reviravolta que tornaria o filme melhor, mas o envolvimento de dois estúdios ligados à Igreja Católica no filme mais condizem com uma fuga descarada da responsabilidade daqueles atos.


Embora o filme seja preguiçoso em sua direção e covarde em seu roteiro, uma parte boa de sua produção é o elenco. Russel Crowe comanda bem o filme, mas infelizmente seu personagem não se mantém linear durante o filme e o arco de aprendizado não existe.

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Peter DeSouza-Feighoney como "Henry"

A atenção especial deve ser toda voltada á Peter DeSouza-Feighoney, o ator mirim que interpreta Henry, o garoto possuído. Ele contracena de igual para igual com Crowe, e suas cenas são desconcertantes, e bem traçadas como um paralelo com a personagem Reagan, de "O Exorcista".


Em conclusão, "O Exorcista do Papa" é um filme fraco em termos de terror e extremamente desonesto em sua tentativa de trazer uma história mais "realista" ao público. Ele está disponível na HBO Max e conta com 1 hora e 50 minutos de duração.

 
 
 

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Matinê Baiana

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