"Pinóquio por Guillermo Del Toro": Um Sopro de vida nova
- Helena Vilaboim

- Dec 21, 2022
- 2 min read
Imortalizado pela Disney em 1940, a histórias do boneco de madeira que queria ser um menino de verdade não é estranha para ninguém. Originando do livro homônimo escrito por Carlo Collodi, a narrativa nunca se afasta muito do material original, mesmo que tenha sido contada e recontada inúmeras vezes.
Lançado no mesmo ano que a própria Disney decide fazer um filme live-action da versão de 1940, o longa Guillermo Del Toro, um original Netflix com 2 horas de duração é um filme que expira nova vida à história que já sabemos de cor, executada lindamente com animação em stop motion e nos oferecendo mais profundidade à narrativa com um contexto novo, e um trabalho melhor das personagens.

A narrativa dessa versão se passa no período entre as guerras mundiais, e começamos o filme com uma sequência de aquecer o coração entre Gepetto (David Bradley) e seu filho Carlo, não só apresentando os personagens e criando um vínculo entre Gepetto e a audiência, mas também apresentando o mundo em que a história vai se passar.
Fora esse início inédito e bem feito, a história progride mais ou menos como outras versões; mas mantendo a aura ameaçadora da guerra e desenvolvendo a relação entre pai e filho lentamente, com conflitos e expectativas que não são cumpridas.
Além de Bradley no elenco, Del Toro ainda conta com estrelas como Ewan McGregor, Tilda Swinton, Christoph Waltz e Cate Blanchett. Todas essas performances são excelentes, explorando cada nuancia de emoções. Quem chama atenção realmente é Gregory Mann como Pinóquio. Sua interpretação é fantástica e exatamente o que o longa precisava.
A direção de Del Toro é metódica, cheia de emoções e mestre em explorar tudo o que ele tem em disposição em cena. O cuidado na construção dos personagens, do cenário, da música e da direção dos atores é algo que certamente enche os olhos de todos os espectadores, ao mesmo tempo que aquece seus corações.
Com essa matriz de ferramentas à sua disposição, e vendo o trabalho e a dedicação que Del Toro põe em sua versão, é difícil não comparar o longa com a versão da Disney, que saiu apenas meses antes. A diferença é gritante. E embora as técnicas - a Disney usando CGI e Del Toro usando Stop-Motion são o que chama mais atenção, o tratamento da narrativa é extremamente diferente também.

A versão da Disney não apresenta inovações nem se esforça em sair da mesmice de suas adaptações, nos oferecendo um filme xoxo, desconfortante e chato, sem alma.
Del Toro solidifica sua reputação como um mestre de contação de histórias, e agora um mestre em contos de fadas adaptados, que servem sua função e distoa da narrativa corporativa.
Pinóquio por Guillermo del Toro é um filme que todos os assinantes da Netflix tem obrigação de assistir.




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