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"Rainha Cleópatra" Uma jogada que Pode Sair Cara

Desde sua estreia no meio do mês passado "Rainha Cleópatra" (Queen Cleopatra) tem chamado atenção de internautas pela "treta" que a série original Netflix iniciou com o povo egípcio e não mostra sinais de parar. A série, apresentada como documental, conta com apenas quatro episódios de duração entre 40-50 minutos e está disponível na plataforma.

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Adele James como "Cleópatra"

"Rainha Cleópatra" conta a trajetória da última Faraoh do Egito desde sua infância e ascensão ao trono, suas conquistas militares e diplomáticas até sua morte, mais ou menos 30 anos depois. A série combina elementos do documentário clássico, com entrevistas de especialistas; mas também investe em muitos elementos ficcionais, como atores fazendo o papel das figuras históricas com diálogos e monólogos roteirizados, confundindo a audiência, apresentando um produto que está "em cima do muro", e que já não transmite muita confiança.


O docudrama é narrado por Jada Pinkett Smith, que também atua como produtora da série, que faz parte de um projeto de séries em conjunto com a plataforma Netflix para trazer à audiência as histórias de Rainhas Africanas. O objetivo de "Rainhas Africanas" é enaltecer a cultura africana e, principalmente a cultura negra.


No elenco, "Rainha Cleópatra" conta com Adele James no papel principal, Craig Russel como Marco Antônio, e John Patridge como Júlio César.

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Colleen Darnell, egiptóloga entrevistada

Apesar de visualmente linda e aparentemente contar com uma boa gama de especialistas, o docudrama conta atualmente com um baixíssimo score de 2% de aprovação da audiência no site Rotten Tomatoes, e sofre com críticas pesadas vindas de espectadores do Egito e do mediterrâneo.


No centro das críticas, está a escalação de James, uma mulher negra, como Cleópatra - figura histórica e icônica, membro de uma família de origem grega. Para internautas e especialistas online, a escalação de Adele James representa uma falácia, e um ato de apropriação cultural.


A repercussão dessa confusão foi tão grande que juntou interessados pela cultura egípcia e curiosos para assistir aos quatro episódios a despeito, ou talvez por causa do processo nas costas da plataforma de streaming, iniciado por um advogado egípcio.


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Passado a controvérsia, "Rainha Cleópatra" peca pela estrutura dividida entre entrevistas de especialistas e a dramatização de episódios históricos, e assim ela acaba faltando nas duas partes que tenta compartilhar com o público. O docudrama se beneficiaria muito se fosse apresentado como uma versão revisitada da Faraoh, somente baseada em eventos históricos.


Quanto às performances, não há muito do que reclamar. A atuação de Adele James é bastante apta para o papel da Faraoh, sua presença nas cenas é fortemente sentida pelo público. No entanto, a performance forte - e as vezes exagerada - fica meio fora de lugar na televisão, com a sensação de que James se encaixaria muito melhor em uma produção teatral.


Essa última observação vale para todo o resto do elenco principal, e fica dúvida se foi intencional, uma homenagem á peça de Shakespeare, ou um erro de direcionamento de atores.

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James Marlowe como "Octavian"

A única presença que fica fora da curva por ser objetivamente ruim é Octavian (James Marlowe), que fora uma fala, aparece em tomadas solitárias, silhuetas e closes em que o ator olha ameaçadoramente para a câmera. A falta de interação entre ele e o resto do elenco faz com que o personagem pareça quase 100% fabricado, um oponente construído e exagerado. Nada disso é uma crítica direta ao ator, mas ao direcionamento que ele teve.


Em conclusão, "Rainha Cleópatra" não é um documentário, e sua falha principal é tentar se passar por um. A série serve como uma introdução à personagem histórica da última Faraoh, mas não deve ser tomada com um enorme grão de sal. Ela não é suficientemente para suprir a curiosidade, nem a ânsia por uma narrativa épica.









 
 
 

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Matinê Baiana

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