"Duna"- 2021: A Redenção da Narrativa, 37 Anos Depois
- Helena Vilaboim

- Oct 21, 2021
- 3 min read
“Duna” (Dune) - 2021, é uma versão do diretor Denis Villanueve que estreia hoje, dia 21 de Outubro nos cinemas brasileiros. O longa é a segunda adaptação da narrativa original da série de livros de mesmo nome escrita por Frank Herbert. A duração do filme é de 2 horas e meia.

A narrativa segue Paul Atreides (Timothée Chalamet), durante sua jornada de tomada de poder e vingança depois da morte de seu pai, o Duque Leto Atreides (Oscar Isaac). Junto com sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson) e aliados inesperados, Paul tem que encontrar seu lugar como o “escolhido” do universo conhecido.
É impossível não comparar a versão de Villanueve com sua predecessora de 1984, “Duna”, dirigida por David Lynch. Mas enquanto sabemos que as duas adaptações surgiram de um mesmo material e seguem a vida dos mesmos personagens naquele momento específico, as semelhanças param por aí. Desconsiderando os aspectos mais plásticos dos filmes, por causa do intervalo de 37 anos de diferença, e focando nos aspectos mais básicos de filmes, a conclusão é: a narrativa da versão de Villanueve é muito mais simpática ás audiências.

Denis Villanueve controla o tempo, junto com seus colegas de roteiro: Eric Roth e Jon Spaihts. Logo de início, o filme anuncia que essa é apenas a primeira parte de uma narrativa que ainda vai se estender por algumas sequências (quantas não sabemos ainda). Isso mostra um controle muito grande, e que a possibilidade de exploração de personagens e conceitos é muito maior. O filme todo tem um ritmo lento, que permite o espectador se familiarizar com aquele mundo, aquelas pessoas e os costumes apresentados.
Essa marcha a passo lento também traz momentos íntimos entre as personagens, e seus relacionamentos entre si ficam muito mais evidentes, fazendo com que a audiência se sinta muito mais inclinada a simpatizar com seus dramas, obstáculos e vitórias, além de dores. Isso também afeta nosso entendimento de acontecimentos passados, que aconteceram antes do momento que está sendo mostrado em tela.
Junto com a narrativa bem contada com detalhes, Villanueve juntou um elenco maravilhosamente pesado. Faces já conhecidas de outros projetos premiados se juntaram para entregar um filme muito bem feito do ponto de vista de performances.

Oscar Issac se mostra um pai preocupado, orgulhoso, um homem de bom caráter e um líder benéfico, com seu Duke Leto. Rebecca Ferguson rouba as cenas em que ela aparece, sendo o centro emocional do filme. Ela consegue dar vida á várias facetas da Lady Jessica, a medida que essas se mostram necessárias. O Paul de Timothée Chalamet passa por mudanças que o ator consegue entregar eficiente e naturalmente, nos convencendo que aquele é um garoto que está apenas começando a entender sua função naquela narrativa.

Fora do núcleo protagonista, temos Stellan Skarsgård no papel de Barão Harkannen, que mesmo tendo pouquíssimo tempo de cena, é uma presença ameaçadora e que promete um embate arriscado entre os lados opositores. Junto com ele está Dave Bautista como sobrinho do Barão. Ele aqui entrega uma performance bem mais séria do que a audiência aprendeu a esperar dele.

Zendaya, Javier Bardem, Sharon Duncan-Brewster e Babs Olusanmokun são o núcleo da tribo de Fremen que são apresentados no terceiro ato do filme. Assim como o barão, eles tem pouco tempo de tela, que passa meramente como uma introdução para a exploração de suas funções na sequência. Todos eles servem ao objetivo de sua apresentação e deixam a audiência curiosa para saber como vai ser essa nova dinâmica com os protagonistas.
Uma coisa que certamente facilita a entrada num filme como esse é a trilha sonora. Composta pelo mestre Hans Zimmer, a trilha de “Duna” tem uma origem crua, tribal e antiga, que transmite uma beleza simples e perigosa, assim como é o tom da narrativa. É de cunho extremamente instintiva, valendo-se muitas vezes de flautas e tambores que casam muito bem com a estética de Arrakis.
Em conclusão, “Duna” consegue entregar um filme maduro, lento e rico em detalhes, que toma seu próprio tempo para explicar a narrativa com uma delicadeza, e as vezes violência, que a trama precisa. Vale muito a pena assistir nos cinemas para uma experiência completa.




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